A urbanização é a megatendência do séc. XXI e a sustentabilidade requer mudanças políticas e comportamentais, para proteger saúde e ambiente
Em 2008 deu-se um marco histórico: pela primeira vez, a população urbana ultrapassou a que vive em áreas rurais. Esse foi o derradeiro momento de viragem na forma como a população mundial está concentrada e, desde então, o fosso não parou de crescer de forma galopante.
Atualmente, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 55% da população vive em áreas urbanas e a estimativa é de que a proporção chegue aos 68% em 2050. Por outro lado, estima-se que as zonas rurais já pararam de crescer.
Só apenas durante a pandemia o ritmo de crescimento urbano desacelerou, o que gerou reflexões sobre a sustentabilidade no que diz respeito à saúde pública e à sustentabilidade ambiental nas nossas cidades, cada vez mais populosas.
Devemos reconhecer que o status quo anterior a 2020 era, em muitos sentidos, um modelo insustentável de desenvolvimento urbano. (…) Inúmeros desafios foram expostos e exacerbados pela pandemia, mas a COVID-19 também trouxe uma sensação de otimismo: a oportunidade de reconstruir de forma diferente. Se aplicarmos as políticas corretas e tivermos compromisso adequado dos governos, nossas crianças podem herdar um futuro urbano mais inclusivo, verde, seguro e saudável.
Maimunah Mohd Sharif, Diretora Executiva do ONU-Habitat
A urbanização é, assim, a maior tendência do século XXI. Para as Nações Unidas, é indiscutível que a concentração populacional é melhor para o meio ambiente do que a dispersão. No entanto, o crescimento das cidades tem perpetuado de forma exacerbada fenómenos prejudiciais para o ambiente como o uso único de produtos plásticos, fast fashion, desperdício alimentar e poluição de transporte, entre outros.
Para resolver esses problemas, são necessárias medidas urgentes que contemplem novas formas de organização governamental. Além disso, os indivíduos devem fazer mudanças sustentáveis no estilo de vida e nas suas rotinas diárias, dizem os especialistas das Nações Unidas.
É preciso respeito pelos vizinhos, pelo ambiente e pela nossa própria saúde, para desenvolver cidades de forma sustentável. E todos podemos fazer parte desta construção. Estas são as nossas dicas:
Segundo as Nações Unidas, cerca de 25% da superfície da Terra é usada para pastagem de gado e a expansão da agricultura é responsável por quase 90% do desmatamento global. Optar mais frequentemente por opções à base vegetal e não animal, diminui a necessidade de desflorestação, não só para criar campos de pastagem como de produção extensiva para alimentar estes animais. Mudar para uma dieta mais à base de vegetais pode melhorar a saúde, diminuir as emissões de gases do efeito estufa e reduzir a perda de biodiversidade. Por outro lado, optar por alimentos locais ajuda a diminuir as emissões de CO2 devido ao transporte.
Aproximadamente 95% do transporte mundial ainda é abastecido por combustíveis fósseis e o setor de transportes é diretamente responsável por 23% das emissões de dióxido de carbono. Transporte público, compartilhado, caminhar ou pedalar são alternativas que podem ajudar a reduzir as emissões e a poluição atmosférica. Pode ainda passar influenciar uma mudança na forma com as cidades devem ser desenhadas, invertendo a tendência do carro no centro do planeamento urbano.
Os edifícios são responsáveis por 21% do total de emissões de gases com efeito estufa, principalmente devido à eletricidade, ao aquecimento e ao arrefecimento. Ações simples na manutenção das casas e dos escritórios podem reduzir a necessidade de energia. Por exemplo: aproveitar a luz natural, adornar os espaços interiores e exteriores com plantas para arrefecer a casa no verão, vestir mais ou menos roupas e não depender tanto de aquecimento ou ar condicionado e transitar para móveis mais sustentáveis e aparelhos com eficiência energética. Painéis solares, hortas nos telhados ou compartilhadas são outras formas de termos edifícios mais sustentáveis.
A humanidade produz 2,24 bilhões de toneladas de resíduos sólidos municipais anualmente, dos quais 55% é gerida em instalações controladas, de acordo com o Banco Mundial. Assim, priorizar os produtos que duram por mais tempo e optar por compartilhar e reparar os bens sempre que possível são práticas que podem reduzir o uso de materiais de alto impacto como plásticos, papel e têxteis, reduzindo o desperdício e as emissões associadas.
A forma como passamos o nosso tempo livre – incluindo turismo e atividades recreativas – impacta significativamente o meio ambiente. Os indivíduos podem criar impacto positivo ao mudar para atividades de lazer locais, mais sustentáveis, e apoiar os negócios locais. O setor de turismo é responsável por cerca de 8% de todas as emissões. Comer localmente e evitar produtos descartáveis, dando preferência a produtos reutilizáveis, incluindo utensílios, são dicas a ter em conta quando viajar em turismo.
Separar o lixo facilita a coleta e a reciclagem. Não esqueça também que várias autarquias já promovem a separação de biorresíduos e projetos de compostagem. Se puder, faça também a sua própria compostagem, no sentido de fertilizar quintais e jardins.
Despejar o óleo diretamente na pia está ligado ao entupimento dos canos e pode levar a elevados custos de manutenção dos sistemas de escoamento ou tornar necessário o uso de químicos poluentes para desobstruir o caminho. Além disso, se atingir os cursos de água, o óleo pode acumular-se na superfície e diminuir a oxigenação, a entrada da luz e alojar-se em organismos vivos, como aves e peixes, causando danos irreversíveis.
O que fazer então? Armazenar o óleo em recipientes, como uma garrafa PET, que devem permanecer fechados e longe da exposição ao calor. A partir daí, basta procurar o oleão mais próximo e entregar, garantindo assim que estes resíduos serão devidamente tratados e utilizados para a produção de biodiesel. Consulte aqui o oleão mais próximo de si. Alguns supermercados e hipermercados também oferecem espaços de recolha de óleo de cozinha usados.