Em 2023 ficamos a saber que quase metade (45%) de todas as plantas que conhecemos estão ameaçadas de extinção. São mais de 100.000 plantas com flores e frutos que podem extinguir-se, isto é, mais do que todos os mamíferos, répteis e peixes em conjunto. Entre elas estão as orquídeas, muitas variedades de ananás e outras espécies agrícolas importantes para a alimentação humana, assim como para o tratamento de doenças.
Das quase 19 mil novas espécies de plantas e fungos descobertas desde 2020, a situação agrava-se: 77% estão já sob ameaça. O que significa que todos os dias são identificadas e nomeadas cientificamente 20 novas plantas, enfrentando desde logo o possível desaparecimento da face da Terra.
O alerta partiu de um estudo do britânico Royal Botanic Gardens, que examinou pesquisas de 200 cientistas em 30 países. A conclusão revela a perda de biodiversidade que o mundo enfrenta, colocando em risco os sistemas de alimentação e toda a vida humana. Precisamos, mais que nunca, proteger o solo, que é a base de toda a vida.
“Cada espécie que perdemos é uma espécie que não sabemos que oportunidades estamos a perder. Poderia ser a cura para o cancro ou a solução para a fome. Perder isso, antes de termos a oportunidade de estudar essas espécies, é uma tragédia”.
Matilda Brown, analista de Ciências da Conservação do Royal Botanic Gardens, um dos maiores centros de preservação da natureza do mundo, albergando cerca de 8,5 milhões de espécies
O milagre da vida está na terra
A terra que pisamos é símbolo de um milagre. Constituído por minerais, ar, água, plantas e outros seres vivos, o solo, tal como o conhecemos, resulta de um processo de sobreposição de camadas cultivadas pela passagem do tempo. Há mais vida numa mão cheia de terra que pessoas no planeta.
A segurança dos nossos sistemas alimentares e, por conseguinte, da saúde humana está na fertilidade dos nossos solos, já que cerca de 95% dos alimentos que consumimos provêm, direta ou indiretamente, da terra e 9 em cada 10 dos nossos medicamentos derivam das plantas.
Outros factos importantes sobre o nosso solo:
- Purifica a água: solos saudáveis absorvem mais água da chuva
- Ajuda a combater os efeitos das alterações climáticas: cerca de 25% das emissões anuais dos combustíveis fósseis são removidas pela absorção dos solos.
- Ajuda a regular a temperatura a terra
- É um recurso natural não renovável: são precisos centenas de milhares de anos para que se forme um centímetro de solo
- Cerca de metade do solo à superfície da terra desapareceu nos últimos 150 anos devido à lavragem extensiva, ao uso de fertilizantes, pesticidas e outros químicos
- Nos últimos 30 anos, 80% dos insetos presentes na biomassa desapareceram
- Um terço do solo está já degradado. Estima-se que nos restam apenas entre 45 a 60 anos de solo fértil para atividades agrícolas.
(fonte: The Planet Voice)
A saúde dos nossos solos tem vindo a ser significativamente impactada pela atividade humana. Cabe por isso a nós reverter a situação. Como? Através de conhecimento e de deitarmos “mão à terra”.
4 tipos de solo
Para conseguirmos trabalhar o solo é importante perceber, em primeiro lugar, que existem 4 tipos de solo:
# argiloso: grande quantidade de nutrientes, possibilita a agricultura principalmente após a chuva ou a rega, já que absorve com mais facilidade a água e permite que as plantas possam absorver melhor os nutrientes.
# humoso: conhecido como “solo escuro”, é um dos mais férteis devido à grande quantidade de material orgânico que acumula, muito usado no meio agrícola.
# arenoso: tem muita areia e por isso acaba por absorver muita água, não sendo ideal para cultivo, pobre em nutrientes.
# calcário: maior quantidade de pedras, o que impede o crescimento de raízes, impróprio para cultivo.
Então, o que podemos fazer?
1- Ter atenção ao lixo: uma das formas mais fáceis de preservar o solo é não deixar que o nosso lixo acabe na natureza. Mais do que a atenção ao descarte, é importante reduzir, reciclar e reutilizar de forma a produzirmos menos resíduos que, de uma forma ou de outra, acabam por poluir todo o meio ambiente. É possível também transformar o seu desperdício alimentar num fertilizante 100% natural do solo, rico em nutrientes minerais, através da compostagem.
2- Plantar árvores e/ou relva: é importante ter cuidado com a escolha do sítio para não atrapalhar o crescimento das outras plantas. Qualquer erro pode comprometer toda a região. Se não conseguir fazê-lo, pode sempre juntar-se ou apoiar instituições que o façam.
3- Recorra à rotação de cultura: para que uma área de cultivo não fique totalmente desgastada e infértil, é necessário recorrer à rotação de cultura: dividir a região de cultivo em partes e deixar um espaço livre para que haja regeneração. Depois que colher, plante na que estava livre e deixe a antiga parada. Vá revezando as áreas de plantio e descanso.
4- Reduzir pesticidas prejudiciais: os melhores fertilizantes da terra são as minhocas. Ao percorrer a terra, elas estão a trazer nutrientes para a superfície, ajudando a aumentar a fertilidade e a reduzir erosões e inundações.
5- Apoie a agricultura sustentável: nem toda a gente tem acesso a terreno para poder cultivar. No entanto, podemos apoiar estas práticas através das nossas escolhas de consumo. Ao comprar, procure conhecer mais sobre como são produzidos os alimentos que consome.
Partilhe o conhecimento com família e amigos para aumentar a consciencialização sobre este tema.