A sustentabilidade como modelo de negócio: das embalagens aos conceitos de reutilização 

A MC assumiu em 2019 o compromisso de ter até 2025 todas as embalagens recicláveis, compostáveis ou reutilizáveis. Já alcançou os 80%

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À conversa no videocast da MC (casa-mãe da cadeia Continente), Tânia Lucas, head of Private Label, e Cristina Braga da Cruz, head of product and digital development Bazaar, discorrem sobre todo o processo que a empresa tem percorrido para alcançar a meta de tornar recicláveis, compostáveis ou reutilizáveis todas as embalagens das marcas próprias e exclusivas. Um caminho que trouxe muitos desafios e surpresas mas, acima de tudo, abriu portas para outras iniciativas no âmbito da sustentabilidade, que vão muito além das embalagens.

Como têm adaptado as estratégias de sustentabilidade no desenho das embalagens?

“Na lógica do packaging, temos trabalhado na redução e na eliminação dos materiais problemáticos ou considerados desnecessários em termos de embalagem, não só quando conceptualizamos um novo produto mas também quando reformulamos as embalagens dos produtos que temos no nosso portefólio”, explica a responsável pelas marcas exclusivas da MC, Tânia Lucas.

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“Só em termos de marca própria, alimentar e não alimentar, falamos de mais de 4000 referências. Portanto, é realmente um esforço hercúleo trabalharmos todas estas embalagens e assegurarmos que as embalagens dos novos produtos que desenvolvemos cumprem os requisitos”. 

Entre as medidas neste sentido destacam-se, por exemplo, a “inclusão de matéria-prima reciclada sempre que possível” nas embalagens ou a “transição de plástico para cartão, garantindo que esse cartão é proveniente de florestas geridas de forma sustentável”. 

São já “inúmeras” as iniciativas visíveis ao cliente que denotam a lógica de ecodesign e design4recycling com que a MC trabalha o packaging. Acima de tudo, ressalva Tânia Lucas, trata-se de escolher o material mais adequado para uma determinada tipologia de produto”, nunca esquecendo a função central do packaging: garantir a qualidade do produto. “Esse é o primeiro critério quando falamos de packaging. Salvaguardar que efetivamente não compromete a qualidade” do produto, desde o produtor à casa dos clientes, passando pelos entrepostos e pelas lojas.

“Estou aqui a lembrar o manual de packaging pelo qual todos nos regemos. A primeira coisa que fizemos foi a parte da iconografia, que nasceu na tua equipa [de Private Label] e estendeu-se entretanto a todas as outras” marcas, alimentar e não-alimentar. “Foi um trabalho desenvolvido com a Sociedade Ponto Verde, de forma a que tivéssemos a certeza de que aquilo que alegávamos estava correto, para que todas as embalagens da marca Continente e restantes marcas exclusivas tivessem a iconografia certa para ajudar o cliente a saber separar” todos os materiais presentes na embalagem. 

Cristina Braga da Cruz, head of product and digital development Bazaar

Esta iconografia “veio permitir a qualquer cliente do Continente, em qualquer produto das nossas marcas que compre, encontrar um guia e um código de comportamento e descarte da embalagem, que é comum e percetível”, explica Cristina Braga da Cruz.

Outro exemplo do nosso progresso teve que ver com, antes de reconverter as embalagens, eliminar os materiais problemáticos ou que consideramos desnecessários.  Por exemplo: “nos sacos camas atualmente não se usa embalagem nenhuma”. “Nos brinquedos, retirámos o plástico das janelas e prendemos os acessórios da nossa Sarita ou os acessórios do Happy Bear de uma forma diferente, em cartão” e “eliminámos o PVC que é um plástico mesmo difícil de reciclar” em diversos artigos, explica a responsável pelas áreas não alimentar do Continente.

“Depois há caminhos que ainda não estão trilhados. E temos hoje noção que há segmentos para os quais a indústria não está ainda preparada”, quando falamos em alcançar os 100% de embalagens recicláveis, reutilizáveis ou compostáveis até 2025, como refere Cristina Braga da Cruz.

Cristina Braga da Cruz lembra ainda que, na área dos sacos de plástico, “aterramos no máximo possível, que são os sacos de plásticos com 80% de material reciclado e recicláveis. E é tão relevante o volume de sacos que o Continente põe no mercado, que a própria indústria se adaptou e neste momento não existem muitas lojas que não têm 80% de incorporação de material reciclados. Outro exemplo são os sacos de ráfia, os maiores coloridos que são 100% reciclados e recicláveis”.

Como têm trabalhado os eixos da reutilização e da circularidade?

“Temos testado a reutilização dos sacos de embalamento das frutas e legumes. A verdade é que conseguimos reduzir em 15% o consumo dos sacos ultraleves”, explica Tânia Lucas, enquanto responsável pelas marcas da área alimentar.

Outras iniciativas neste sentido passam pelo Refill On The Go. “Temos hoje um projeto que se chama Refill  Spot by Continente, disponível em duas das nossas maiores lojas (no centro comercial Colombo e em Matosinhos) e que disponibiliza a venda a granel de diferentes produtos, desde detergentes e amaciadores para roupa até a alimentação para cães e gatos, passando pela área de produtos de mercearia secos e biológicos”, explica Tânia Lucas. 

Paralelamente, estamos a trabalhar ativamente em soluções de Refill At home. “Por exemplo, na área de Limpeza do Lar, através da nossa submarca Continente Eco e muito focado no tema da capsulação e da ultra concentração dos produtos, temos disponibilizado cápsulas de Lava Tudo que depois o cliente pode diluir em casa (em vez de comprar já um produto diluído, que obviamente tem uma pegada ambiental em termos de embalagem muito mais significativa).

Muito recentemente lançamos também na nossa marca My Label um creme de rosto com refill – inicialmente o cliente compra a embalagem de vidro, e nas compras seguintes a embalagem é de plástico, com muito menos percentual de plástico, e que serve para fazer a reposição para a embalagem de vidro que já tem em casa”, enumera Tânia Lucas. 

“Também temos fomentado, na área alimentar, a utilização de caixas reutilizáveis. O cliente pode trazer de casa a sua embalagem e utilizar nas áreas de charcutaria e de take away. Outro projeto muito recente: nas nossas marcas Go Natural e Cozinha Continente, numa lógica de circularidade, a embalagem que o cliente adquire (leva emprestada) nos nossos restaurantes pode ser devolvida e comprometemo-nos a higienizá-la e a reutilizá-la”.

Tânia Lucas, head of Private Label

Na área do não alimentar, Cristina Braga da Cruz destaca projetos como o [re]-cycle, através do qual o Continente aposta na venda de bicicletas usadas, depois de as recondicionar. “Iniciámos esse piloto muito recentemente – foi lançado no início de 2023, em Gaia e no Colombo – e no primeiro mês vendemos 80% do total do stock, que correspondia a cerca de 600 bicicletas”.

Com uma adesão mais lenta, mas  igualmente relevante para a sustentabilidade do planeta,  o Continente lançou no ano passado o projeto [re]-style, que passa pela venda de roupas usadas. O projeto continua ativo, na loja de Matosinhos e do centro comercial Colombo (Lisboa).

Desafiada por um parceiro dedicado a recolher cadernos utilizados, a MC passou a recolher e reciclar todos os cadernos. Com dimensão internacional, a MC aderiu há três anos ao projeto Goodbag – um saco de grande dimensão, de algodão orgânico e altamente resistente, que tem um microchip de rastreamento.

“A empresa [Goodbag] compromete-se a que todas as vezes que o cliente for à loja com aquele saco e classificar que entrou na loja com aquele saco (que se faz perto das linhas de caixa), há o patrocínio da remoção de um saco de plástico do Oceano”. 

Além disso, por cada saco comprado e registado (através de uma aplicação móvel), é plantada uma árvore. De acordo com Cristina Braga da Cruz, à data da gravação desta conversa, “foram já plantadas 21 mil árvores e já foram removidos do oceano 111 mil sacos de plástico”.

Sempre que os sacos são reutilizados, o cliente recebe créditos numa app, através da qual é possível escolher também “se quer remover mais plástico dos oceanos, que tipo de árvores e onde é que gostaria de as ver plantadas”, o que eleva o nível de compromisso dos clientes da MC com a sustentabilidade, conclui Cristina Braga da Cruz. 

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