“Num oceano ocupado por plásticos nem os humanos têm lugar”

Atletas portugueses alertam para a responsabilização de todos.

Atletas portugueses alertam para a responsabilização de todos.

E se o canoísta olímpico Fernando Pimenta abandonasse o desporto por “não existirem mais condições para o praticar”? O atleta português fez uma publicação nas suas redes sociais a anunciar que iria abraçar um novo desafio: a jardinagem.  Também Miguel Lacerda, o ex-mergulhador profissional agora dedicado à vela, anunciou que se iria dedicar a um novo objetivo e publicou uma foto sugestiva ao lado de equipamento de soldagem. No mesmo dia, dois outros desportistas publicaram mensagens igualmente enigmáticas, tanto o surfista Vasco Ribeiro como a bodyboarder Joana Schenker revelaram novas ocupações. Em comum, todos denunciavam que “a falta de condições” não lhes deixava “outra alternativa”, citando Miguel Lacerda. O contacto que têm com o mar, na prática das respetivas modalidades, põe-nos constantemente em contacto, também, com o plástico que nele bóia.

No âmbito da campanha do Discovery Channel Portugal para assinalar o Dia Mundial dos Oceanos, os quatro atletas alertaram para as cerca de 13 milhões de toneladas de plástico que todos os anos acabam no mar. Numa publicação posterior à que anunciava o fim da carreira de canoísta, Fernando Pimenta desmente que o vá fazer mas refere que “Se o plástico nos oceanos continuar a aumentar” a decisão de deixar o desporto será “inevitável”. “Num oceano ocupado por plásticos nem os humanos têm lugar” foi o mote escolhido para a campanha criativa.

No Instagram, o surfista Vasco Ribeiro mostrou-se empenhado na nova carreira como agente imobiliário.

Em declarações à agência Lusa, Fernando Pimenta relembra a importância do tema e denuncia a “falta de civismo” a que assiste diariamente na água, quando se depara com “sacos de plástico e pedaços de plástico que vêm a boiar”. Conta que tem de “parar e remar para trás para remover esse lixo e poder voltar ao treino”, uma situação que acaba por afetar a preparação do atleta. Diz estar habituado a ver garrafas, embalagens de plástico, maços de tabaco, pneus e “todo o tipo de lixo”. Preservar a natureza “É uma coisa básica, um dever cívico”, provoca. 

Tal como Fernando Pimenta, os outros atletas envolvidos na campanha pedem que “todos tomemos conta do nosso planeta”, esperando que os comportamentos mudem e que a responsabilidade seja, efetivamente, comum.

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