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As lantejoulas vieram para ficar – infelizmente, para o ambiente.
Mais do que acrescentarem brilho em épocas festivas, as peças de roupa com lantejoulas são uma tendência. Em tempos, poderia ser considerado piroso, até. Agora, é usar e abusar dos brilhos, da cabeça aos pés. Parecem ter vindo para ficar mas as lantejoulas são um risco para o ambiente, por várias razões.
Quem já usou, sabe. Quem nunca usou, pode facilmente imaginar que coisas simples como dançar ou abraçar alguém se podem tornar algo desconfortáveis com uma camisola de lantejoulas vestida, por exemplo. Ficam agarradas a outras fibras, caem, espalham-se por toda a parte. Nas lavagens, podem até não sair mas as cores brilhantes vão “desbotando” e decomponhem-se em microplásticos. As pequenas peças brilhantes são feitas de produtos sintéticos, geralmente plástico com reflexos metálicos. O problema maior é este: as lantejoulas facilmente se transformam numa praga ambiental e o facto de estarem na moda, faz com que a qualidade de muitas peças deixe muito a desejar uma vez que as chamadas marcas de “fast fashion” as produzem em massa.
Segundo referido num artigo da BBC sobre a forma como as lantejoulas contribuem para a poluição plástica, o problema começa logo na produção. É de folhas de plástico que as lantejoulas são “extraídas”, recortadas. O material que resta deve ser descartado e, até há pouco tempo, alguns fabricantes incineravam esses resíduos, provocando um fumo tóxico que o governo norte-americano rapidamente conseguiu travar.
Há mais dois pontos para refletir antes de decidir ousar com tais reflexos. Os tecidos que servem de base aos ‘bordados’ de lantejoulas também são, maioritariamente, sintéticos, feitos de poliéster e de outros derivados do plástico que, de uma forma ou de outra, libertam microplásticos nas lavagens. As fibras têxteis são um problema por se decomporem em microplásticos e entrarem nos caudais ao “viajarem” na água das lavagens de roupa, pelo que é importante reutilizar sempre que possível.
Mais: citando uma referência do tal artigo da BBC, “Viola Wohlgemuth, gerente de economia circular e substâncias tóxicas da Greenpeace Alemanha, diz que 40% dos itens produzidos pela indústria de vestuário nunca são vendidos”, pelo que grande parte acaba por ser enviada para países pobres. “Viola Wohlgemuth conta que já viu lantejoulas em mercados de roupa de segunda mão e aterros sanitários no Quénia e na Tanzânia”, por exemplo. Se não há regulamentação para a exportação de têxteis, ou melhor, de “resíduos têxteis disfarçados de têxteis de segunda mão”, vão continuar a ser descartados em países pobres, onde acabam em aterros sanitários ou cursos de água e transformados em poluição. Já existem lantejoulas biodegradáveis, por exemplo, mas ainda sem significativa produção.
Artigo inspirado em “Five ways sequins add to plastic pollution” publicado em dezembro de 2022 pela BBC.
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