Festival da Comida Continente: o veredicto da Eco Repórter

Os pontos fortes e o que melhorar na perspectiva de Ana Gomes.

Eco Repórter FCC

Eco Repórter no Festival Comida Continente? O desafio chegou com muitas certezas de que iria sair do evento com uma ideia positiva. Eu – que adoro um bom desafio, e dificilmente consigo dizer que não a um festival – quis perceber de que forma é que uma marca desta dimensão, se posicionaria de forma sustentável num evento com esta envergadura e posso adiantar: fiquei impressionada

Começámos pela transparência e abertura: pergunta o que quiseres, mostra o que quiseres, se precisares de falar com alguém… diz-nos. Ok! Mensagem recebida e a certeza de que as perguntas iriam surgir, mas as impressões positivas também.

Na chegada ao evento – e ainda em dia de montagens – uma equipa bem-disposta, organizada e que se deslocava pelo evento de bicicleta – relembro que são vários kms, e que há várias áreas de entretenimento.

Demos um passeio a pé, fizemos o reconhecimento da zona e recebemos as primeiras indicações: todas as acções de sampling e activações de marca tinham uma guideline: deveriam ser o mais ecológicas possível… e naturalmente que serem úteis é a primeira premissa para que não sejam automaticamente lixo. 

Fizemos o teste, e podemos dizer que as marcas se portaram melhor do que o esperava, pusemo-las à prova e recebemos: snacks, produtos full size, tasting de produtos, leques – óptimos para o bom tempo com que fomos recebidos – e outras utilidades como óculos de sol, bolsas para os telemóveis, sacos de pano e almofadas de viagem. Mas as nossas ofertas preferidas foram as experiências. Deixo apenas a nota de que decidimos devolver grande parte das ofertas.

E ainda que as filas – e a vontade dos participantes – para estas acções promocionais fossem impressionantes, não nos vamos desfocar do principal motor deste evento – o maior evento cultural e gastronómico gratuito do país – a COMIDA

Só quem é vegetariano há mais de uma década sabe a fome que já passou em festas, festinhas e festivais pela falta de oferta alternativa, confesso que na mochila levei fruta e snacks vários, mas… sem necessidade!

Tanto na zona de convidados, como no mais importante – no recinto – existiam diversas opções vegan ou vegetarianas. Um ponto importante para mim – claro – e importantíssimo para a ecologia: a alimentação de base vegetal tem um impacto ecológico significativamente diferente daquele associado ao consumo de animais. 

A comida vegetariana no Festival da Comida Continente

Eco Reporter FCC

É também esta uma das grandes apostas da marca CONTINENTE, a aposta em opções de base vegetal, na marca própria e nas opções disponíveis de outras marcas. 

Não foi ainda este ano que encontrámos opções vegetarianas na tenda dos chefes, mas nesta zona pudemos celebrar um conceito que o Festival tentou tornar transversal: a ausência de plástico, sendo todas as parlamentas de bambu. a ausência de plástico. Todas as parlamentas eram de bambu. 

Plástico encontrámos nos copos: mas todos eram reutilizáveis e podiam voltar connosco para casa. Mas nem só a isto se resume a ecologia, soubemos que no final do festival todos os excedentes alimentares das cozinhas dos chefs e outras áreas do recinto, foram doados ao Centro Social da Paróquia Sra. da Conceição (Porta Solidária) e ao Banco Alimentar Contra a Fome do Porto, com o objetivo de evitar o desperdício alimentar. 

Por todo o festival ecopontos, pontos de recolha de lixo e uma activação muito gira da Sociedade Ponto Verde: ecopontos humanos, pessoas que circulavam pelo recinto com pontos de recolha de papel e plástico, com a função de melhorar a recolha e separação de resíduos, mas também de esclarecer e alertar para a importância destas acções. 

Foi aqui que a desilusão se começou a instalar, mas a culpa não estava no colo da organização: a quantidade de lixo que ia sendo deixado para trás é inexplicável – e até injustificável – já que no recinto existiam centenas de pontos de recolha… fixos e móveis. O compromisso de deixar o Parque limpo ficou a cargo da organização, claro, mas está em nós o dever de – no mínimo – não deixar lixo para trás. 

O saldo – tal como partilhei – é muito positivo. É possível fazer sempre melhor, mas assumir um festival desta envergadura e conseguir diminuir a pegada ecológica, garantindo sempre um ponto de sustentabilidade que nunca devemos esquecer: permitir que a cultura e a gastronomia façam pessoas felizes. E pessoas felizes são a primeira porta para a construção de um mundo de que vale a pena cuidar. 

Por Ana Gomes

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