Dia Nacional da Sustentabilidade: Portugal cumpre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável?

Foi a 25 de setembro de 2015 que as Nações Unidas adotaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Conheça os esforços que Portugal tem feito para os alcançar

dia mundial da sustentabilidade

Em 2023, Portugal passou a celebrar oficialmente o Dia Nacional da Sustentabilidade a 25 de setembro. A data simboliza o dia em que as Nações Unidas adotaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em 2015. Estes objetivos inserem-se na Agenda 2030, que tem 5 pilares: Pessoas, Prosperidade, Planeta, Paz e Parcerias. 

Ambos, a Agenda 2030 e os 17 ODS, são a visão comum para a Humanidade, um contrato entre os líderes mundiais e os povos e “uma lista das coisas a fazer em nome dos povos e do planeta”, como explica a ONU.

Sendo assim, que trabalho tem feito Portugal para alcançar estes objetivos?

16º lugar no cumprimento dos ODS

Divulgada em junho de 2024, a 9ª edição do Relatório de Desenvolvimento Sustentável revelou que nenhum dos 17 objetivos está no caminho para ser alcançado até 2030, a nível global.

Por sua vez, Portugal já conseguiu atingir um dos objetivos, o número 1: erradicação da pobreza. Neste momento, o nosso país ocupa a 16ª posição, entre 167 países, no que diz respeito ao cumprimento dos ODS, sendo que, na edição anterior, Portugal estava na 20ª posição.  

Além de ter alcançado o ODS 1, o país destaca-se pelos avanços em outras três áreas, nomeadamente igualdade de género (ODS 5), energias renováveis e acessíveis (ODS 7), e cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11).

Em contrapartida, segundo o Relatório Voluntário Nacional 2023, elaborado pelo governo português, o ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestruturas) é o que apresenta pior desempenho, com 38% das metas com uma evolução em sentido contrário ao desejável, face a 2015.

Projetos promovidos em Portugal

Alguns dos projetos adotados nos últimos anos que permitiram Portugal alcançar estes resultados:

  • REFood – um movimento 100% voluntário que transforma, não só desperdício em nutrição, mas também as vidas de todos os envolvidos numa verdadeira economia circular e solidária pela distribuição de alimentos junto dos mais vulneráveis e desprotegidos. Esta iniciativa insere-se no ODS 2 erradicar a fome;
  • Projeto Flamenquitos de Santiago promovido pelo Agrupamento de Escolas Ordem de Santiago, em Setúbal – a iniciativa visa combater o abandono escolar e absentismo escolar na comunidade cigana e promove inclusão de alunos de etnia cigana através da artes, música e dança. O projeto tem revelado um forte impacto positivo na comunidade escolar pelo reforço e compromisso dos jovens de etnia com a escola. Esta iniciativa insere-se nos ODS 4 educação de qualidade e ODS 10 reduzir as desigualdades;
  • Engenheiras por um dia – programa dirigido a alunas do básico e secundário com o objetivo da desconstrução dos estereótipos de género associados às áreas mais segregadas através de atividades práticas. Desde 2017 já envolveu mais de 12 500 jovens, contando com o envolvimento de 200 entidades parceiras, sobretudo empresas do sector tecnológico, 15 municípios, 62 escolas básicas e secundárias e 23 instituições de ensino superior. Esta iniciativa insere-se no ODS 5 igualdade de género;
  • Maior parque solar flutuante da Europa – inaugurado em 2022 na albufeira do Alqueva, este parque estende-se por quatro hectares e alberga perto de 12 mil painéis fotovoltaicos. Representa um investimento de seis milhões de euros e deverá produzir cerca de 7,5GWh/ano (gigawatts por hora/ano), prevendo-se que venha a abastecer o equivalente a cerca de 1500 famílias – ou 30% das famílias da região. O projeto inclui ainda a instalação de baterias com uma capacidade de armazenamento de cerca de 2MWh. Esta iniciativa insere-se no ODS 7 energias renováveis e acessíveis;
  • Academia das Plantas Aromáticas e Medicinais de Alqueva – apoia a implementação de novos projetos, a nível da produção, transformação e comercialização sob o prisma do modo de produção biológico. A Academia é constituída pela Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva, o Centro de Excelência e Valorização de Recursos Mediterrânicos e o Monte do Pardieiro. Esta iniciativa insere-se no ODS 9 indústria, inovação e infraestruturas;
  • Estratégia Nacional de Longo Prazo para o Combate à Pobreza Energética – documento orientador e central da estratégia para a transição energética e transição climática. Este instrumento incorpora de forma direta o princípio de não deixar ninguém para trás e espelha a integração das questões da inclusão, acessibilidade e combate à pobreza energética nas políticas públicas. Neste âmbito está a ser implementado o projeto Habitação A+, através do qual tem sido feito um trabalho de vista às habitações e levantamento das condições das condições de conforto energéticas, como o tipo de envidraçado e tipo de sombreamento; os contratos de eletricidade, gás natural e água e respetivos consumos reais; a medição da Temperatura e Humidade, entre outros. No final, são dadas sugestões às famílias. Estas iniciativas inserem-se no ODS 11 cidades e comunidades sustentáveis.
  • RURBAN Link (Rede Ligações Circulares entre Áreas Urbanas e Rurais) – tem como principal objetivo promover ligações funcionais circulares entre áreas urbanas e rurais, criando sistemas agroalimentares circulares. Atualmente a Rede é constituída por oito municípios: Bragança, Câmara de Lobos, Guimarães, Penela, Reguengos de Monsaraz, Ribeira Grande, Lisboa e Fundão (líder da rede) e a Lisboa E-Nova – Agência de Energia-Ambiente de Lisboa como parceiro. Pretende ligar e aproximar os produtores aos consumidores e desenvolver a compostagem dos resíduos orgânicos. Esta iniciativa insere-se no ODS 12 produção e consumo sustentáveis;
  • Comunidade da Culatra – projeto visa criar uma comunidade “carbono zero” na ilha da Culatra, no Algarve. Foca-se no envolvimento e capacitação comunitária dos residentes e das várias infraestruturas da ilha, com o objetivo comum de produzir energia limpa (fotovoltaica), armazená-la e distribuí-la de forma equitativa. Com o apoio de investigadores da Universidade do Algarve, a comunidade está a desenvolver um projeto-piloto para criar um modelo económico participativo. Leva a cabo um projeto de descarbonização da comunidade pesqueira, estando neste âmbito a trabalhar na construção de um barco elétrico para a ostreicultura, além da construção de um sistema de armazenamento ecológico para a atividade pesqueira. Esta iniciativa insere-se no ODS 13 ação climática;

A missão de alcançar os 17 ODS representa um esforço comum e todos podemos fazer parte dela, através de informação e adoção de hábitos individuais para conseguirmos enquanto coletivamente alcançar por exemplo a correta separação do lixo, combater o desperdício alimentar ou assumir escolhas mais conscientes que ajudem a melhorar a saúde pública. Há também projetos que apelam ao envolvimento da comunidade, como a limpeza de praias

Todos podemos fazer a diferença!

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