Estudo publicado por instituto britânico mostra contributo das enchentes de rios e lagos para a dispersão de plásticos e microplásticos.
Investigação publicada pelo The Institute of Physics revelou que as enchentes dos leitos dos rios e das bacias dos lagos estão a fazer aumentar a dispersão de plásticos e microplásticos por todo o globo.
Esta é uma conclusão que o senso comum já apontava, mas a investigação demonstrou a gravidade da situação. Mesmo uma pequena cheia pode aumentar o potencial de disseminação do plástico em 10 vezes comparativamente ao que acontece em condições normais.
Por outro lado, as tubagens de infraestruturas de drenagem que deveriam escoar o excesso de água ficam muitas vezes entupidas com plástico, o que agrava as enchentes. Ao finalmente desaguar no mar, os fluxos de água, mais cheios e mais rápidos, têm capacidade para levar consigo muitos detritos, de maiores ou menores dimensões – como os microplásticos.
Países mais pobres com maiores dificuldades em “conter” o plástico
São as regiões mais pobres, que em geral já sofrem mais com a concentração de poluição por plásticos nas suas águas, as que têm menos defesas contra cheias, tornando-se menos capazes de conter o fluxo dos plásticos em contextos de inundação. Os investigadores compararam mapas de risco de inundação com dados sobre plástico não coletado pelos sistemas oficiais de recolha de resíduos e identificaram territórios mais suscetíveis à movimentação de plásticos em períodos de cheias. O Bangladesh foi mencionado como o país mais vulnerável. Quando os caudais dos rios sobem demasiado, ainda que numa cheia de baixa intensidade, a probabilidade de movimentação do plástico é neste território 40 vezes maior do que numa situação normal.
Apesar da maior incidência em determinadas regiões, este é um problema que deve ser atacado a nível global. As movimentações das águas transportam o plástico sem conhecer fronteiras, afetando todo o ecossistema. Quanto maior a distância percorrida pelo plástico e quanto mais este se quebra em fragmentos mais pequenos, mais difícil se torna recolhê-lo.
Temos de ser mais rápidos do que a deslocação de detritos plásticos
Para descobrir como o plástico vai para o mar, os investigadores contabilizaram as partículas de microplásticos – pequenos pedaços microscópicos de plástico – nos sedimentos de 40 zonas das bacias urbanas, suburbanas e rurais dos rios Mersey e Irwell, no noroeste da Inglaterra, antes e depois da inundação de 26 de dezembro de 2015 – a maior já registada na região. A enchente levou para o mar 70% do microplástico que se encontrava nas bacias dos rios, o que os cientistas estimaram ser equivalente a entre 14 a 43 mil milhões de partículas, com um peso total entre os 270 e os 850 quilos.
A situação precisa de ser tratada a montante, antes mesmo de chegar aos fluxos de água. Cabe a cada um de nós assumir uma atitude responsável na utilização e no descarte de plástico.
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