O número de andorinhas-das-chaminés em Portugal diminuiu 36% entre 2004 e 2023. Os dados são do Censo de Aves Comuns, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), que conclui que as espécies insetívoras têm tido um declínio preocupante em Portugal e na Europa.
Em plena crise da biodiversidade, termos acesso a informação atualizada sobre o estado das nossas espécies de aves comuns é uma enorme mais-valia. (…) Ao olharmos para as aves comuns podemos compreender melhor o que se passa em nosso redor. Estas espécies vão ser as primeiras a dar-nos indicação de que alguma coisa não está bem.
Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador do Censo de Aves Comuns
Além das andorinhas-das-chaminés, observa-se um declínio generalizado de diversas espécies de aves migradoras de longa distância. O mocho-galego e o carraceiro são outras das espécies deste grupo que mostram declínios significativos nos últimos 20 anos.
Outro dado preocupante está relacionado com o declínio de mais de um terço das espécies dos meios agrícolas. “O que evidencia o impacto das mudanças que têm ocorrido nas últimas décadas nestes ecossistemas com impacto sobre a biodiversidade”, lê-se no relatório.
Nos meios agrícolas, destaca-se o declínio de diversas espécies comuns, incluindo o pardal, o peneireiro e a milheirinha, não só em solo nacional mas também em Espanha e no restante continente europeu.
Já no que diz respeito às aves florestais, as espécies que apresentam maior queda são a rola-brava, o picanço-barreteiro e o cuco. Estas três viram igualmente os seus números diminuírem em Portugal, Espanha e Europa em geral.
Em contraciclo, algumas espécies associadas a habitats florestais, como a carriça, a toutinegra-de-barrete, o pisco-de-peito-ruivo e a trepadeira mostram tendências positivas na Península Ibérica e na Europa.
Já no conjunto das restantes espécies de aves comuns avaliadas, apenas três apresentam uma tendência negativa em Portugal: a garça-branca-pequena, a felosa-poliglota e a galinha-de-água.
O Censo de Aves Comuns é um programa de monitorização da avifauna, iniciado em 2004 e realizado por voluntários, que tem o propósito de dar a conhecer as tendências populacionais das aves comuns que nidificam no território nacional e de fornecer indicadores do estado ambiental dos nossos ecossistemas, à escala nacional e europeia. Este censo é baseado em pontos de escuta inseridos em quadrículas 10x10km, ao longo do território continental, Madeira e Açores, que são monitorizadas por voluntários, todas as primaveras.
Porquê monitorizar as aves comuns?
representam grande parte da biomassa da nossa diversidade;
têm papéis essenciais a todos os níveis das cadeias alimentares;
refletem o que se passa nos ambientes (como as zonas agrícolas ou florestais) que habitam;
são fáceis de observar e ouvir e por isso fáceis de monitorizar
Numa altura em que precisamos de ter mais informação sobre o estado da biodiversidade, estes dados são importantes porque além de nos ajudarem a identificar as espécies e habitats que podem estar sob maior ameaça e sobre as quais devemos priorizar medidas de conservação, também podem ajudar a definir e a implementar políticas e medidas de gestão sustentáveis.
Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador do Censo de Aves Comuns
Segundo a SPEA, para travar estes declínios, será necessário:
restaurar a Natureza;
implementar políticas que promovam práticas agrícolas sustentáveis; e
adotar uma visão estratégica e de longo prazo no ordenamento do território, no desenvolvimento energético, e nas avaliações de impacto.
Conversamos com um dos fundadores da Biggest Mini Forest, projeto que está a ensinar quem tenha um pequeno terreno a cultivar uma mini floresta comestível, biodiversa e que fomenta a regeneração do solo
Recolha de embalagens de plástico de iogurte e similares estará disponível de 29 de abril a 30 de novembro em lojas Continente selecionadas. Com esta iniciativa, os agrupamentos escolares recebem donativos pela quantidade recolhida
Foi a 25 de setembro de 2015 que as Nações Unidas adotaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Conheça os esforços que Portugal tem feito para os alcançar
Conversamos com um dos fundadores da Biggest Mini Forest, projeto que está a ensinar quem tenha um pequeno terreno a cultivar uma mini floresta comestível, biodiversa e que fomenta a regeneração do solo
Recolha de embalagens de plástico de iogurte e similares estará disponível de 29 de abril a 30 de novembro em lojas Continente selecionadas. Com esta iniciativa, os agrupamentos escolares recebem donativos pela quantidade recolhida
Foi a 25 de setembro de 2015 que as Nações Unidas adotaram os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Conheça os esforços que Portugal tem feito para os alcançar
Todos já ouvimos falar dela mas será que sabemos o que realmente é? Como se forma e como protege a vida no planeta? E como a atividade humana está a destruí-la?