Grupos de investigação estudam a possibilidade de produzir plástico biodegradável a partir de madeira, de forma sustentável e economicamente viável.
A introdução de plásticos biodegradáveis no mercado não tem sido fácil. Os custos financeiros permanecem elevados, e propriedades como a maleabilidade e a impermeabilidade não têm sido devidamente otimizadas. O plástico petroquímico continua a ganhar a corrida.
Mas talvez não por muito tempo.
A União Europeia está a financiar um projeto para o desenvolvimento de um material compostável que possa ser produzido em massa. Conhecido como Sulapac (o mesmo nome da empresa que o fabrica), este material é feito de aparas de madeira provenientes de subprodutos da indústria e ligantes de origem vegetal.
Os investigadores da Sulapac levaram a cabo alguns projetos-piloto nas indústrias alimentar e de cosméticos para demonstrar que responde adequadamente a todas as exigências que são colocadas ao plástico petroquímico. Tal como o plástico convencional, o Sulapac também é resistente à água, óleo e oxigénio, o que lhe permite ser usado tanto em embalagens rígidas como flexíveis. O material é ainda suficientemente estanque para armazenar líquidos por longos períodos em condições de segurança, de acordo com as normas europeias.
Um artigo publicado recentemente na revista Nature Sustainability anuncia progressos semelhantes nos Estados Unidos. Um grupo de investigadores garante ter descoberto um “bioplástico lignocelulósico forte, biodegradável e reciclável”. Este material é feito também à base de um resíduo de processamento geralmente descartado por carpintarias e indústrias afins (o serrim), misturado com celulose, hemicelulose e lignina – substâncias que se encontram na constituição das paredes das células vegetais. Terá a capacidade de reter líquidos e resistir à luz ultravioleta, com maleabilidade e estabilidade térmicas bastante satisfatórias, pelo que poderá ser aplicado em produtos tão distintos como sacos de compras ou componentes da indústria automóvel. Mais: poderá ser decomposto em meio natural ou reciclado.
Para comparar os impactos ambientais dos bioplásticos com os dos plásticos petroquímicos, os cientistas americanos enterraram no solo algumas folhas do material (o artigo a que tivemos acesso não refere a espessura). Ao final de duas semanas, os bioplásticos começaram a fragmentar-se, acabando por se degradar completamente alguns meses depois.
Mas, como sempre, há um senão. Embora as experiências estejam a ser realizadas com recurso a subprodutos descartados por determinadas indústrias, para produzir em massa bioplásticos a partir de madeira seria necessária uma enorme quantidade de matéria-prima. Recorrer à exploração florestal seria praticamente inevitável, o que, claro, teria impacto nos ecossistemas. Um artigo de opinião recentemente publicado na Plastics Today levanta precisamente esta questão: “será sensato cortar árvores que absorvem o dióxido de carbono da atmosfera e levam décadas a crescer”? É o que vários investigadores estão a tentar perceber.
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