A camada de ozono e sua relação tóxica com o ser humano
Todos já ouvimos falar dela mas será que sabemos o que realmente é? Como se forma e como protege a vida no planeta? E como a atividade humana está a destruí-la?
Cerca de 25% da população mundial é já afetada pela falta de água, um problema que se intensifica ano após ano
De acordo com dados de 101 países reportados à Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (UNCCD, sigla em inglês), são quase 2 mil milhões as pessoas que enfrentam as consequências da seca global. Cerca de 5% está mesmo exposta de forma extrema ou severa.
O relatório mais recente da UNCCD sobre o problema global da falta de água sublinha ainda que 85% das pessoas afetadas pelas secas vivem em países de baixo ou médio rendimento.
Com base nestas evidências, a seca foi já apontada com uma possível nova pandemia, cujos danos se observam de forma “silenciosa” ao longo dos anos. As consequências são no entanto devastadoras e estão por detrás de problemas globais como a inflação dos preços, fome, migrações ou extinção de espécies.
Ao contrário de outras catástrofes que atraem a atenção dos meios de comunicação social, as secas ocorrem em silêncio, muitas vezes passando despercebidas e não provocando uma resposta pública e política imediata. Esta devastação silenciosa perpetua um ciclo de negligência, deixando as populações afetadas a suportar o fardo isoladamente.
Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação
Estes são alguns dos números alarmantes do Global Drought Drought Snapshot Snapshot (2023), da UNCCD:
No final 2022, a corrente seca no nordeste africano, o designado “Corno da África”, deixou aproximadamente 23 milhões de pessoas em grave contexto de insegurança alimentar.
A África do Sul perdeu 33% das suas pastagens devido à seca.
Expostos a ondas de calor e chuvas imprevisíveis, os ecossistemas e os povos do Corredor Seco da América Central enfrentaram o seu quinto ano de seca, que deixou 1,2 milhões de pessoas na região com necessidade de apoio alimentar.
Há 78 anos que as condições de seca não eram tão severas na bacia do Brasil-Argentina como em 2022. A produção agrícola reduziu, afetando os mercados agrícolas globais.
A seca na Amazónia brasileira tornou a água potável escassa e paralisou o tráfego fluvial crítico devido aos níveis de água extremamente baixos.
A floresta tropical saudável da Amazónia tem enfrentado períodos de calor e seca que matam árvores e alimentam incêndios florestais naquele território, tantas vezes apelidado de “pulmão do mundo” pela sua importância enquanto sequestrador de carbono.
A produção de soja da Argentina caiu cerca de 44% em 2023, em relação aos últimos cinco anos. Foi a safra mais baixa desde 1988/89, contribuindo para uma queda estimada de 3% no PIB do país em 2023.
Até ao final do século, a duração das secas moderadas, severas e excepcionais em algumas regiões da China duplicará e a intensidade da seca aumentará mais de 80%.
Também na China, níveis baixos sem precedentes da água do rio Yangtze, devido à seca e calor prolongado, está a afetar 5 milhões de pessoas.
Entre 2016 e 2018, 70% das produções de cereais no Mediterrâneo foram danificadas pela seca.
2022 foi o verão mais quente e o segundo ano mais quente já registado. Há 500 anos que a Europa não passava por uma seca tão grave.
No verão do mesmo ano, registaram-se baixos níveis de água no rio Reno, o que causou graves atrasos nas chegadas e partidas de navios. Alguns navios foram forçados a navegar com cargas com apenas 25% da capacidade. (Recorde-se que o Reno representa uma via navegável vital para o comércio e transporte de mercadorias na Europa Central).
A situação de seca afetou também uma extensão de 630.000 km2 (aproximadamente a área combinada da Itália e da Polónia), quatro vezes a média do impacto entre 2000 e 2022.
Durante esses dois anos, a área anual impactada das terras agrícolas da UE foi de cerca de 73.000 km2 (cerca de 5% do total das terras agrícolas), contribuindo para o fracasso das colheitas.
Em 2023, o impacto médio anual da seca nos prados da Europa foi de cerca de 20.000 km2 (cerca de 5% dos prados), o equivalente à área da Eslovénia.
A capacidade de gerar energia hidroelétrica em Espanha, onde representa mais de 11% do total de energia produzida no país, estava em níveis “muito baixos” em 2022.
Também em Portugal, segundo a Associação Portuguesa do Ambiente, 2023 foi o “pior de sempre” em termos de seca no Algarve, com 5 albufeiras a registarem um armazenamento inferior a 20%. O que obrigou à adoção de um plano de racionamento de água na região.
Espera-se que 100 cidades na UE atinjam a neutralidade carbónicas até 2030. No entanto, “o programa político que seguem centra-se demasiado em soluções tecnológicas. As soluções com base na natureza têm o potencial de reduzir as emissões de dióxido de carbono em até 25%”. Esta é uma das conclusões do Global Drought Drought Snapshot Snapshot (2023).
O relatório explica também que os países da UE estão a trabalhar numa lei de restauração da natureza, que visa devolver à natureza e aos ecossistemas boas condições de conservação. As regras exigem que os estados-membros implementem medidas de restauração eficazes para cobrir pelo menos 20% das áreas terrestres e marítimas da UE até 2030. Até 2050, deverão ser implementadas medidas para todos os ecossistemas que necessitam de restauração.
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