Ruanda, exemplo de sustentabilidade

País africano baniu o plástico há mais de uma década.

País africano baniu o plástico há mais de uma década.

“La petite barrière de Gisenyi” não é apenas a fronteira que separa o Ruanda da República Democrática do Congo (RDC), delimita também duas realidades distintas: em Gisenyi, do lado do Ruanda, o plástico é procurado pelas autoridades como qualquer outra substância ilícita. Totalmente diferente é Goma, do lado da RDC, onde é visível “o caos e a sujidade”, como descreve a jornalista da SIC Susana André.

Vinte e seis anos após o genocídio, o Ruanda é, inesperadamente, um exemplo de desenvolvimento sustentável em todo o mundo. Na primeira parte da Grande Reportagem da SIC dedicada ao país africano, é possível compreender melhor de que forma é que banir os sacos de plástico há mais de uma década e, mais recentemente, proibir a venda de todos os plásticos de utilização única, são medidas que contribuem para que Kigali, a capital do Ruanda, seja considera a cidade mais limpa de África e uma das mais limpas do mundo.

Plástico, “uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”

Nos últimos 20 anos, e apesar das políticas repressivas do presidente Paul Kagame, a estratégia de desenvolvimento do país assenta sobretudo na sustentabilidade. O Ruanda tem sido referido como exemplo nesta área em reportagens de grandes meios internacionais como a CNN, o The Guardian ou a revista Fortune.

O Ruanda aboliu os sacos de polietileno há 12 anos e pressionou, no mesmo sentido, os quatro países com os quais faz fronteira – Uganda, Tanzânia, Burundi e República Democrática do Congo. A seu tempo, os países vizinhos também proibiram a importação, produção, manufatura e venda de sacos de plástico não biodegradável mas, na prática, só o Ruanda cumpre a lei. Abolições como esta, por vezes, instigam o contrabando, como é referido na reportagem por um representante do governo ruandês. No entanto, o receio de punição ajuda a travar este problema: seis meses de prisão, pesadas multas e pedidos de desculpa públicos, no caso de empresas, são algumas das consequências de ignorar a lei.

Há duas décadas que Paul Kagame identificou nos plásticos “uma ameaça ao desenvolvimento sustentável”, citando a jornalista da SIC Susana André. Os plásticos contaminam as águas, entopem os canais de drenagem – o que provoca cheias –, impedem que a água penetre nos solos e, consequentemente, causam danos à atividade agrícola. São ainda responsáveis pela morte de muitos animais que os ingerem, como referido, também, na reportagem da SIC.

A fruta e os legumes nos mercados são vendidos em cartuxos de papel ou sacos de algodão, habitualmente trazidos de casa pelos compradores. Os retalhistas queixam-se do pouco tempo, seis meses, que o governo deu para a mudança. Inicialmente usavam sacos de papel para a carne até conseguirem uma solução muito semelhante à dos novos sacos da peixaria Continente, feitos de papel e revestidos por uma película de polietileno. A própria indústria, até então quase inexistente, não estava preparada e o Ruanda importava este tipo de sacos do Quénia. Nos supermercados, a exceção são os plásticos biodegradáveis, os únicos permitidos. No caso de produtos importados, os plásticos das embalagens são retirados ainda na alfândega. Por outro lado e de acordo com as declarações de um jovem ruandês entrevistado para a Grande Reportagem, apesar de não ter sido fácil as pessoas habituarem-se, o país “não se focou no problema mas sim na solução”.

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