Regifting: a solução para reduzir trocas e devoluções pós-Natal

Estamos em época de devoluções e trocas de presentes e, por consequência, de grande impacto ambiental. O regifting pode ajudar a atenuar – mas há regras

Depois dos excessos do mês de dezembro, o início do ano é altura de regressar às lojas. Seja para devolver ou trocar aquela prenda de Natal que não agradou assim tanto, seja para aproveitar a época de saldos que marca o arranque do ano. 

Apesar de não haver números exatos, sabe-se que as devoluções ou trocas de produtos por esta altura representam um grande impacto ambiental, prolongando a época festiva que, por si só, é sinónimo de excessos e aumento de desperdício. 

O aumento do transporte, as embalagens adicionais e o potencial descarte inadequado de produtos devolvidos são alguns dos fatores mais prejudiciais à sustentabilidade do planeta por esta altura. A que se junta uma época de saldos que não propícia ao consumo ambientalmente consciente. 

Só no âmbito da indústria de moda, estima-se por exemplo que grande parte das peças de roupa devolvidas nunca chegam a ser novamente vendidas – 50% acabam num aterro e 25% são destruídas através da incineração e apenas 25% das mesmas são recicladas ou reutilizado, de acordo com o Institute of Positive Fashion.

Algumas empresas estão já cada vez mais conscientes dos impactos negativos destas atividades, pelo que têm adotado medidas para mitigar o problema. Algumas das estratégias passam pela otimização de processos logísticos, redução de materiais desnecessários nas embalagens e doações de produtos para evitar o descarte.

Leia também: A sustentabilidade como modelo de negócio: das embalagens aos conceitos de reutilização

No que diz respeito ao papel consumidores finais, o conceito de regifting apresenta-se como uma alternativa sustentável para evitar idas às lojas, físicas ou online, para trocas ou devoluções.

O conceito de regifting passa por dar as prendas recebidas, das quais não gostamos, a outras pessoas nas mãos de quem faça mais sentido. 

No entanto, há algumas regras a serem cumpridas nesta prática, de forma a respeitar os sentimentos das pessoas envolvidas, segundo especialistas em etiqueta:

#1- Considere o destinatário: reflita sobre os gostos, interesses e necessidades da pessoa a quem considera oferecer o seu presente, de forma a que  seja realmente adequado para a mesma. Em caso de dúvida, pode sempre optar por doar o presente a uma instituição, por exemplo. Outra dica: oferecer produtos atemporais ou versáteis, que nunca saem de moda, têm menos probabilidade de o destinatário achar o presente indesejável.

#2- Remova todos os vestígios de que o presente já foi aberto: certifique-se de que o presente está em boas condições e que a embalagem está intacta, de forma a evitar oferecer produtos desatualizados, danificados ou personalizados. Além disso, reserve um tempo para remover quaisquer indícios de que é um “regift” – notas personalizadas, etiquetas ou papel de embrulho que possam indicar que o presente teve originalmente outro destinatário.

#3- Evite oferecer a alguém que pertença ao mesmo círculo social: caso o destinatário descubra que se trata de um “regift”, pode estar a criar uma situação embaraçosa. No entanto, caso seja descoberto, seja honesto para não complicar ainda mais a situação. 

#4- Itens personalizados não contam como “regifts”: ok, podemos não gostar do presente mas quem nos oferece é, à partida, alguém com quem partilhamos algum tipo de laço. E quando envolve o esforço de alguém para nos surpreender com algo produzido à mão por si próprio ou que teve o cuidado de personalizar, está implícito um valor sentimental. E o sentimento é a base da prática de presentear o outro. Pelo que, é de mão tom descartar este tipo de presentes, mesmo que a estética ou utilidade não nos agrade.

Com estas dicas pode prolongar a época natalícia, não num sentido de excessos de consumo e impacto ambiental mas sim de amor e generosidade com quem nos é mais querido.

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