Poluição sonora: um problema de saúde pública e ambiental?

O excesso de ruído é a segunda causa de morte por agentes poluentes na Europa e traz consequências para todos os tipos de vida no planeta

poluição sonora

O que distingue um som de um ruído? A National Geographic explica: um som é considerado ruído “quando ultrapassa os 65 decibéis, sendo identificado como uma vibração tão forte que causa mau estar no tímpano aquando na sua recepção”.

“A produção de ruído é uma emissão de energia forte que se vai propagando através da atmosfera como uma onda, que nos chega ao ouvido e vibra até ao nosso tímpano na mesma frequência”. Quando excede os 65 decibéis, essa vibração do som traz consequências graves para a saúde humana, física e mental. 

Está provado que a exposição prolongada a níveis de ruído elevados pode ter consequências graves na audição, podendo causar mal-estar, distúrbios do sono e problemas cardiovasculares e metabólicos

Até mesmo ao nível da fertilidade o ruído pode ser um problema para os seres humanos

São problemas de saúde pública que tendem a adensar com a crescente tendência de urbanização. Atualmente, segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), 55% da população vive em áreas urbanas e a estimativa é de que a proporção chegue aos 68% em 2050. Por outro lado, estima-se que as zonas rurais já pararam de crescer.

Neste sentido, cada vez mais gente vive em cidades expostas aos ruídos oriundos do acumular de construções, transportes, sistemas de energia, pessoas e toda a vida em sociedade.  E toda esta poluição sonora gera também problemas na conservação do meio ambiente e na vida selvagem.

Impactos na vida selvagem

No âmbito marinho, de acordo com a National Geographic, a poluição sonora é um problema cada vez mais grave. “O ruído submarino gerado por atividades humanas como a navegação comercial, a exploração de petróleo e os sonares militares pode interferir nas funções vitais das espécies marinhas, incluindo na comunicação, a navegação ou procura de alimento”.

Um estudo publicado na revista Biology Letters, em 2019, produzido pela Queen’s University Belfast, agregou os efeitos do ruído em diversos tipos de espécies, desde moluscos a pássaros, passando por répteis, insetos, mamíferos e até larvas de peixe no oceano. As conclusões mostram que o ruído produzido pela atividade humana, como por fábricas ou transportes, interfere com as frequências usadas por animais e prejudica a comunicação entre eles. Ao mesmo tempo, afeta de forma negativa a localização por outros animais, incluindo predadores, o que ameaça o equilíbrio dos ecossistemas.

Ao mesmo tempo, as elevadas frequências mostram-se prejudiciais nos mecanismos para encontrar parceiro sexual ou para contornar obstáculos físicos no terreno. 

“Falamos sempre de alterações climáticas, poluição química, poluição plástica e destruição de habitats, mas o ruído, especialmente em áreas urbanas, pode realmente ter um impacto negativo também nos animais”, conclui Hansjoerg Kunc, um dos autores do estudo, que apela para uma maior regulamentação contra a poluição sonora nas cidades. 

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