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Os desafios para um futuro sustentável.
O debate público sobre o impacto do plástico no planeta tem dado voz a vários intervenientes. Dos mais céticos sobre as vantagens do plástico aos defensores de um uso responsável, os argumentos são vários. Inevitavelmente, os industriais da área devem ser chamados para a discussão. A Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos (APIP) representa o sector e organizou, no passado mês de setembro, o 1º Plastics Summit, um evento com propósito de promover o diálogo entre a indústria, o governo, a academia e os ambientalistas para melhor traçar os caminhos para um futuro sustentável.
Apesar de a APIP organizar eventos frequentes com os seus associados, este Plastics Summit apresentou-se como “o evento mais importante do setor dos plásticos em Portugal”. Amaro Reis, presidente da associação, contextualiza: “Face ao enquadramento atual, em que os plásticos têm sido notícia e nem sempre pelos melhores motivos, era importante reunir todos os elos da cadeia de valor, de modo a que cada parte interessada pudesse partilhar a sua visão sobre a atualidade e perspetivas futuras relativamente à utilização do plástico nas diversas áreas que estiveram em análise e discussão”. Foram 40 oradores e mais de 350 participantes durante os dois dias da conferência, que decorreu em Ílhavo. Ainda no rescaldo do evento, a APIP não duvida de que “constituiu um novo ponto de partida para a criação de pontes, com vista a uma colaboração cada vez mais integrada, disposta a construir soluções cada vez mais circulares e sustentáveis”.
Plástico de uso único – Que conclusões?
Um dos temas mais esperados e debatidos no Plastics Summit foi o plástico de uso único. As diretrizes europeias que irão limitar a comercialização suscitam ainda diversas dúvidas. As principais questões têm que ver com o curto prazo definido pela Europa para que a indústria se adapte às novas regras. Os associados da APIP reclamam mais tempo para que a indústria e os demais agentes económicos se preparem, “já que”, aponta Amaro Reis, “na maioria das vezes é necessário reconverter os processos produtivos, o que em certos casos obriga a mais investimentos em novos equipamentos”. A oferta crescente de materiais alternativos ao plástico é também uma preocupação, já que nem sempre as propostas têm uma pegada ecológica mais sustentável do que o plástico.
“É unanimemente aceite por todos os intervenientes que, antes de se querer proibir ou restringir um determinado produto e promover alternativas, deve-se estudar previamente o impacto de tal medida, de forma a garantir a sua sustentabilidade, proporcionalidade, segurança e viabilidade”, aponta o presidente da APIP, concluindo que “o estudo nunca ficará completo se não forem avaliados, através de análises de ciclo de vida, os impactes dos produtos de materiais alternativos”.
Desafios para o futuro
Reutilização, reciclagem, economia circular. Sobre o futuro, o presidente da APIP fala das constantes imposições que têm obrigado a indústria a adaptar-se ao longo dos anos, apostando na inovação para acompanhar a procura de produtos alternativos. “O setor continuará empenhado em inovar e encontrar a melhor tecnologia disponível que permita produzir produtos que assentem no princípio da circularidade, garantindo o seu aproveitamento enquanto recurso no momento em que se torna resíduo, através da reciclagem e outras formas de valorização, a fim de devolvê-los ao mercado sob a forma de novos produtos, contribuindo para um ambiente e planeta cada vez mais sustentáveis”. E a relação estreita com universidades e centros de investigação é essencial.
Para que a indústria cumpra todas as imposições europeias para 2030, o presidente da APIP considera que os principais desafios passam por “uma colaboração cada vez mais integrada de todos os intervenientes na cadeia de valor do plástico, mais I&D [investigação e desenvolvimento], crescente utilização das ferramentas de ecodesign e uma contínua a formação e educação da população para a adoção de práticas de um consumo cada vez mais responsável”. Sobre medidas mais exclusivas da indústria, Amaro Reis refere “o desenvolvimento do mercado de reciclados de qualidade, garantindo a sua incorporação em novos produtos” e ainda a importância da recolha seletiva que promova “a qualidade dos recicláveis e potencie as quantidades recolhidas – sistemas porta-a-porta, sistemas de depósito, etc. – e a utilização de instrumentos económicos (incentivos ou penalizações) junto do consumidor.” Em suma, a APIP defende três vetores essenciais para o futuro: inovação, educação e cooperação.
Em retrospectiva, o presidente da associação da indústria dos plásticos defende que, apesar daquilo que classifica como “histerismo” que por vezes se tem manifestado nas questões relacionadas com o uso do plástico, “aos poucos e em resultado de um crescente diálogo entre todos os elos da cadeia de valor do plástico, assente em informação e dados científicos, esta perceção se vem alterando”. Em nome da associação, assume o compromisso de “continuar a pugnar para que toda e qualquer medida que se pretenda implementar ao nível dos produtos e embalagens de plástico seja devidamente estudada e avaliada, com recurso a dados científicos”, com vista, nomeadamente, a evitar “promover soluções menos sustentáveis, contrárias aos princípios que se advogam”.
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