Dia Mundial das Abelhas: Porque são tão importantes e como protegê-las

As abelhas são essenciais para a segurança dos nossos sistemas alimentares e biodiversidade mas enfrentam sérios perigos devido à atividade humana
dia mundial da abelha

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A 20 de dezembro de 2017, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução que veio definir o Dia Mundial das Abelhas a 20 de maio de cada ano. A data escolhida representa o aniversário de Anton Janša, pioneiro do século XVIII para a apicultura moderna, e pretende sensibilizar para a importância das abelhas enquanto seres polinizadores essenciais para o equilíbrio dos nossos ecossistemas e manutenção dos nossos sistemas alimentares.

Para as celebrações em 2024, a ONU decretou o tema “Compromisso com as abelhas, de mãos dadas com os jovens”. O objetivo passa por incentivar a dinamização de atividades educativas para futura geração de líderes ambientais, no que diz respeito a este animal tão importante para a nossa sobrevivência e que enfrenta um grave perigo de extinção.

Segundo a ONU, atualmente as várias espécies de abelhas enfrentam um risco entre 100 a 1000 vezes superior de extinção, devido ao impacto humano na natureza.

Mas qual a importância destas espécies? Vamos descobrir.

Sabia que:

  • Quase 90% das espécies de espécies selvagens de flores e outras plantas dependem total ou parcialmente da polinização animal;
  • A polinização é também crucial para mais de 75% de todas as plantações de alimentos do mundo;
  • A fertilidade e mais 35% da terra agricultável do planeta depende da polinização;
  • A abelha não produz só mel: criar abelhas destina-se também à produção de própolis, pólen, geleia real e apitoxina. Estes produtos servem de matéria-prima para as indústrias farmacêuticas, alimentícias e cosméticas;
  • Os animais polinizadores (abelhas, borboletas, etc.) são um elemento chave para conservar e preservar a biodiversidade e contribuem diretamente para a segurança alimentar, beneficiando a resiliência das plantas às mudanças climáticas e outras ameaças ambientais;
  • A polinização é, por fim, essencial para a erradicação da fome e desenvolvimento sustentável do planeta.

Só em Portugal, temos mais de 700 espécies de abelhas silvestres, de diferentes tamanhos, cores e estratégias de nidificação. A comunidade de polinizadores em Portugal é ainda mais vasta, englobando, para além de toda esta variedade de abelhas (solitárias, sociais e parasitas), também abelhões, borboletas (diurnas e noturnas), moscas-das-flores e outros dípteros, vespas, escaravelhos, percevejos e formigas. (natural.pt)

No Brasil, são as abelhas nativas sem ferrão as principais polinizadoras das matas, contribuindo para a reprodução de 30 a 80% das espécies de plantas, dependendo do tipo de bioma.

Apesar da sua importância, as abelhas enfrentam um cenário preocupante:

  • Segundo a ONU, quase 35% dos polinizadores invertebrados, especialmente abelhas e borboletas, e cerca de 17% dos polinizadores vertebrados como morcegos enfrentam extinção em todo o mundo;
  • Na União Europeia, uma em cada três espécies de abelhas, borboletas e sirfídeos está em declínio.

“Se esta tendência não for contida, plantações nutritivas como frutas, nozes e muitos vegetais serão substituídas por campos de arroz, milho e batata resultando numa dieta desbalanceada”, conjetura a Organização das Nações Unidas.

Por que estão as abelhas em perigo?

A perda e fragmentação de habitats são as principais razões pelas quais observamos uma redução de polinizadores. E isto acontece essencialmente devido à:

  • alteração do uso do solo: com instalação de extensas áreas de monoculturas (e consequentes simplificação da paisagem e perda de biodiversidade);
  • intensificação dos sistemas agrícolas: com recurso a uma maior utilização de fitofármacos, introdução de espécies exóticas invasoras e alterações climáticas.

É em grande parte devido às atuais práticas agrícolas não sustentáveis que as abelhas enfrentam uma redução do acesso a alimento e locais para ninhos. Ao mesmo tempo, expostos a químicos de pesticidas danosos, estes animais vêm o seu sistema imunológico enfraquecido. 

Como podemos ajudar?

Entre as dicas da ONU para cada consumidor estão:

  • Comprar mel natural de produtores locais;
  • Plantar diversas plantas que florescem em diferentes partes do ano;
  • Patrocinar um apiário; e
  • Disseminar informação entre as comunidades sobre a importância de se deter o declínio das abelhas. 

Para os produtores:

  • Reduzir o uso de pesticidas ou eliminá-los.

Para os governos:

  • Fortalecer a participação de produtores e comunidades no processo de decisão, especialmente de indígenas e outros grupos associados à proteção dos ecossistemas e da biodiversidade. 

Para a Natura.pt, é essencial contribuir para o aumento da densidade e diversidade nos nossos jardins, hortas ou mesmo nas varandas, através das seguintes dicas:

  • Escolher sempre plantas nativas – os nossos polinizadores dependem delas;
  • Selecionar espécies com floração em épocas diferentes, de forma a garantir flores (fonte de néctar e pólen) ao longo do ano, com tamanhos, cores e formas variadas, que irão atrair uma maior diversidade de polinizadores; 
  • Se possível, plantar todos os estratos (herbáceo – ervas; arbustivo – arbustos; e arbóreo – árvores). 
  • Usar plantas aromáticas, como alecrim, tomilho, hortelã, sálvia, alfazema e funcho, que pode também usar na cozinha. 
  • Plantar árvores de fruto, arruda, rosmaninho, cistáceas (ex. esteva), madressilvas, pilriteiro, murta, medronheiro, favas, couve, pepinos, cenouras e cebolas (úteis para si e para as abelhas); 
  • Não usar fitofármacos (ex. pesticidas e herbicidas de síntese – estudos realizados nos últimos anos mostram o efeito negativo de fitofármacos em abelhas do mel e abelhões, sendo ainda necessário obter dados para outros grupos de polinizadores);
  • Cortar menos, para permitir que as plantas espontâneas cresçam até produzirem semente, assegurando a sua continuidade e também a sua diversidade;
  • Deixar alguma parcela com vegetação natural e sem intervenção, onde possam crescer plantas anuais e plurianuais, como a borragem, cardos, trevos, chicória, soagem, malvas, alhos, compostas, etc.;
  • Participar em projetos de ciência cidadã, insira as suas observações nas plataformas digitais (por exemplo, o projeto “Polinizadores de Portugal”, incluído na plataforma digital Biodiversity4all).

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