Cogumelos capazes de degradar uma amostra de plástico em 140 dias? É possível e representa um importante desenvolvimento para a ciência – pelo menos a equipa responsável, da universidade australiana de Sidney, assim acredita.
A experiência foi feita com polipropileno, o plástico utilizado commumente nas tampas das garrafas, por exemplo. Muito do plástico encontrado na natureza é deste tipo e pode demorar centenas de anos até se degradar – além do que se vai decompondo em microplásticos.
Estará a solução na natureza?
Os cientistas têm trabalhado em soluções de base natural para a questão da decomposição do plástico, com resultados positivos mas sem grande impacto para reproduzir em maior escala. Os fungos ‘Aspergillus terreus’ e ‘Engyodontium album’ juntos foram capazes de fazer desaparecer por completo grânulos, filmes finos e até folhas de polipropileno revestidas com alumínio. Após 90 dias, quase 30% das amostras já se tinham decomposto mas foram precisos apenas 140 dias, no total, para não restarem vestígios de plástico.
Num artigo da Science Alert, a equipa de investigadores australianos partilha mesmo que é a maior taxa de degradação registada até agora em estudos do género. Apesar da celeridade do processo de degradação, é essencial perceber de que forma os microorganismos presentes nos cogumelos digerem o plástico em moléculas mais simples. É possível, segundo avançam, impulsionar o método mas não ainda para passar à sua industrialização.
Há um longo caminho a percorrer na investigação mas todos os avanços, como este, contribuem para acelerar as soluções. No entanto, olhar para a raíz do problema – o excesso de plástico e a sua transformação em resíduo – é uma prioridade. Mais do que a reciclagem do material, é imperativo trabalhar na sua circularidade, evitando que acabe na natureza. E a solução pode estar na própria natureza, nos cogumelos que degradam plástico mas não só.
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