Coca-Cola vai lançar garrafa de papel

Protótipo será testado no segundo trimestre deste ano. Poderemos estar diante de uma revolução no setor?

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Protótipo de garrafa de papel será testado no segundo trimestre deste ano.

Protótipo de embalagem em papel da Coca-Cola Company. Imagem: BBC.

A Coca-Cola vai lançar no mercado, no segundo trimestre deste ano, a sua primeira garrafa de papel. O protótipo será testado na Hungria com a marca AdeZ, uma bebida à base de plantas comercializada pelo grupo Coca-Cola. A solução está a ser desenvolvida graças a uma parceria entre os Laboratórios de Investigação e Desenvolvimento da Coca-Cola, em Bruxelas, e a dinamarquesa Paboco, uma empresa pioneira na criação de garrafas de papel. 

Dois mil consumidores terão a oportunidade de experimentar a embalagem nas lojas de uma cadeia de retalho húngara. A Coca-Cola e a Paboco pretendem analisar não só a performance da embalagem, mas também a perceção e recetividade dos consumidores em relação a ela.

O protótipo atual é constituído por um invólucro de papel com uma fina camada de plástico PET 100% reciclado no seu interior, separável com vista a permitir um correto encaminhamento de materiais para reciclagem após o uso. A tampa é também de plástico. Mas o ambicioso objetivo é produzir uma garrafa totalmente de papel.

A tecnologia da Paboco promete atender aos padrões de qualidade e segurança aplicáveis às embalagens atuais e conceber recipientes recicláveis, capazes de resistir a líquidos, oxigénio e dióxido de carbono, para acondicionar conteúdos tão diversos como bebidas gaseificadas e cosméticos.

Por outro lado, terá também que responder ao desafio de fazer com que o papel se molde para criar formatos distintos de garrafa para diferentes bebidas. 

Objetivo: zero resíduos. 

Este projeto é parte integrante do compromisso da Coca-Cola “World Without Waste” (Mundo Sem Resíduos). O grupo de Atlanta estabeleceu como meta para 2030 garantir que todo o seu packaging seja recolhido, reciclado e reutilizado.

Na mesma semana em que divulgou publicamente o que está a fazer no sentido de fabricar uma garrafa de papel, a Coca-Cola anunciou também o lançamento de garrafas de plástico 100% reciclado nos Estados Unidos da América. De acordo com a multinacional, esta medida vai repercutir-se numa redução de mais de 20% na utilização de plástico virgem nos artigos por si comercializados neste país, comparativamente com o ano de 2018.

Em declarações ao Dinheiro Vivo, a Coca-Cola não se comprometeu com uma ação semelhante na Europa, explicando que o compromisso para o velho continente é de, até 2022, produzir todas as garrafas de plásticos com 50% de material reciclado.

Coca-Cola: a maior poluidora por plástico a nível mundial

Em finais de 2020, a Coca-Cola apareceu em notícias por todo o mundo como a maior poluidora por plástico.

A acusação foi feita pelo terceiro ano consecutivo pela associação ambientalista Break Free From Plastic (BFFP), após a sua “auditoria anual”. Esta auditoria é resultado de uma ação conjunta de vários voluntários de todo o globo que realizam recolhas de plástico tanto em zonas urbanas como na natureza. 

Imagem: Break Free From Plastic.

Em 2020, decorreram 848 atividades de limpeza, envolvendo mais de 72 mil voluntários da BFFP em 51 países. Foram recolhidos mais de 346 mil pedaços de plásticos, dos quais quase 14 mil pertenciam a produtos comercializados pelo grupo Coca-Cola. 

Citada pelo The Intercept, a multinacional defende-se: “Cada vez que as nossas embalagens entram nos oceanos – ou em qualquer lugar onde não pertencem -, é para nós inaceitável. Em parceria, estamos a trabalhar para combater esta problemática global, quer ajudando a travar a entrada de plástico nos nossos oceanos, quer ajudando a remover a poluição existente”.

Alpa Sutaria, da Coca-Cola América do Norte, assegura que a fabricante está a fazer o seu trabalho de promoção da sustentabilidade ambiental muito através do packaging. “As nossas embalagens são o nosso maior e mais visível cartaz. Estamos a usar o poder das marcas, a começar pela Coca-Cola, para educar, inspirar e avançar com as nossas prioridades de sustentabilidade”, afirma a responsável.

A introdução de material reciclado nas garrafas e o desenvolvimento de embalagens de papel são para já as medidas com maior potencial de impacto ambiental.

A Coca-Cola não é a única a avançar para o papel. No mercado das bebidas, também estão a colaborar com a Paboco a vodca Absolut e a cerveja Carlsberg. Mas há mais.

Uma competição pela introdução no mercado da primeira garrafa de papel

No verão de 2020, a Diageo, que detém, entre outras, as marcas Johnnie Walker e Guinness, anunciou a criação daquela que é, nas palavras da empresa, a “primeira garrafa de papel para bebidas espirituosas”. Está previsto que entre no mercado ainda este ano com o whisky Johnny Walker. 

Imagem: Packaging Europe.

Ao contrário do produto da Paboco, este é totalmente em papel. A responsável pela tecnologia é a Pulpex, uma empresa que resulta da parceria entre a própria Diageo e a Pilot Lite, uma sociedade de capital de risco. A colaborar com a Pulpex estão também as gigantes PepsiCo. e Unilever, num projeto que compete diretamente com o da Paboco pela introdução no mercado da primeira embalagem de papel para bebidas.

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