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Na 29ª edição do certame, “Filmes que mudam o mundo”.
Há quase 30 anos que o município de Seia acolhe o único festival de cinema exclusivamente dedicado ao Ambiente que existe em Portugal e um dos mais antigos do mundo. Este ano, o CineEco – Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela celebra a 29ª edição entre 5 e 13 de outubro com várias sessões dos filmes em competição, conversas com realizadores, exposições e ações de educação ambiental com escolas. Todas as atividades têm entrada gratuita.
“Prestar um serviço público” é o propósito maior do CineEco. Em comunicado, a organização destaca o contributo do festival para a compreensão e composição de um “panorama do pensamento mundial atual” sobre as questões ambientais. A ambição, ao proporcionar aos espectadores “momentos de conhecimento e reflexão”, é “gerar comportamentos transformadores e de participação”.
Foram quase 300 os filmes submetidos a concurso e os 65 selecionados são de 27 países diferentes. A programação está dividida por vários os temas, todos eles mote para pensar e agir: desde a resistência de pequenas comunidades frente a tragédias ambientais à relação entre migrações e ambiente e aos impactos e consequências dos incêndios em Portugal.
Dos 10 filmes da Competição Internacional de Longas-Metragens, destacam-se as estreias em Portugal de Club Zero, em competição também no Festival de Cannes, e de Lakota Nation vs. United States, “um documentário sobre a questão das violências cometidas contra indígenas nos EUA, que faz uso do imaginário dos faroestes clássicos e que foi produzido por Mark Ruffalo (o Hulk dos Vingadores) e Marisa Tomei (vencedora do Óscar por Meu Primo Vinny)”, de acordo com o comunicado da organização do festival.
Durante os próximos meses, é possível assistir a sessões temáticas por todo o país.
Seleção oficial do 29º CineEco
Em 2019, celebrava-se a 25ª edição do CineEco. Mário Branquinho, fundador e, na altura, diretor do festival, partilhou algumas ideias com o Plástico Responsável Continente. Sobre a criação e o legado do festival, apesar de citadas algumas partes, as respostas inéditas:
[Há quase 30 anos que] O CineEco procura cativar novos públicos para o cinema ao mesmo tempo que os sensibiliza para questões ambientais. Como surgiu a ideia?
Mário Branquinho: Em 1994, enquanto jovem agente de desenvolvimento, organizei um concurso nacional de vídeo sobre a temática ambiental, no âmbito do quadro de atividades culturais do Município de Seia. Como a iniciativa foi bem sucedida, de imediato propus ao Município um festival internacional de grande dimensão, aceite pelo então Presidente da Câmara, Eduardo Brito. Convidámos outros parceiros como Parque Natural da Serra da Estrela, Instituto de Promoção Ambiental, Região de Turismo e avançámos.
A ideia tinha muito a ver com a importância de preservação da natureza, da valorização do património paisagístico e de todas as temáticas relacionadas com o Meio Ambiente. Rapidamente percebemos que existia público, mas também tomamos consciência do nosso papel enquanto agente de mudança. Ao longo do tempo, o CineEco tem mostrado ser um instrumento fundamental para a educação ambiental e um grande ecrã do mundo e da crise ambiental que chegou ao seu limite. Foi com as centenas de filmes que apresentamos que encontrámos a melhor forma de contribuir de uma forma direta como pensamos e agimos em relação ao nosso planeta. Queremos acreditar que, as crianças e jovens que ao longo dos mais de 20 anos de CineEco, são hoje jovens adultos conscientes do seu papel e responsabilidade no meio-ambiente onde vivem. Acreditamos fazer a diferença!
Sobre o legado do festival: o CineEco põe Seia no mapa do cinema internacional, cria uma espécie de ‘cinemateca do Ambiente’, sensibiliza as pessoas para temas fundamentais para a preservação do planeta. Que futuro tem sido ‘mostrado’ nos trabalhos a concurso? E que futuro para o Festival? Alguma mensagem que queiram partilhar?
Mário Branquinho: De uma maneira geral, os filmes que programamos para as várias sessões competitivas, mostram-nos uma mensagem de esperança. Esta questão é fundamental porque, apesar das grandes ameaças que espreitam em torno da nossa sobrevivência no planeta, estamos certos que o Homem saberá encontrar soluções. A emergência dos movimentos estudantis que surgiram a partir do simbolismo da ativista Greta Thunberg, estão igualmente a dar uma grande força à esperança para um futuro melhor.
Ao longo dos séculos, a ciência e o conhecimento em geral, responderam a desafios e problemas da Humanidade e isso também acontecerá na procura de mudança de hábitos, de sistemas económicos compatíveis para a nossa sobrevivência, para uma vida saudável e continuada, na certeza, porém, de que não há outro planeta.
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