Cientistas portugueses vencem competição para combater plástico nos oceanos

Projeto inovador de deteção, caraterização e monitorização de resíduos plásticos nos oceanos.

No início deste mês, um grupo de cientistas portugueses venceu o concurso internacional AI Moonshot Challenge com o projeto Smart, uma proposta inovadora de deteção, caraterização e monitorização de resíduos plásticos nos oceanos.

Projeto SMART vence AI Moonshot Challenge

O Smart (diStributed AI system for mArine plastic debRis) pretende combinar inteligência artificial com as leis da física para analisar dados de satélite, fornecidos pelo programa Copernicus, de modo a poder criar modelos de previsão da acumulação de plástico nos oceanos.

A missão é complexa. As imagens disponíveis têm uma resolução espacial de 10 por 10 metros, enquanto uma garrafa ou um saco de plástico, por exemplo, são substancialmente mais pequenos. A informação fornecida pelos dados de satélite aparece, por isso, repleta de ruído. Algas, detritos orgânicos, e até a espuma das ondas podem facilmente ser confundidos com resíduos de plástico. O uso de inteligência artificial é crucial para uma investigação bem-sucedida.

Serão construídos modelos avançados de previsão e simulação dos movimentos das massas de água, de modo a aumentar a probabilidade de deteção de plásticos. O plano prevê ainda a utilização de veículos marítimos autónomos para validar dados e recolher informação complementar.

Liderado pelo Cerena-IST, o Smart conta também com investigadores do Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (FEUP), do Laboratório Associado Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), do Instituto Hidrográfico e do MIT-Portugal. Foi agraciado com um prémio no valor de 500 mil euros para desenvolver a solução desenhada.

Apresentações dos finalistas do AI Moonshot Challenge

Esta foi a primeira edição do concurso AI Moonshot Challenge, promovido pela Agência Espacial Portuguesa, em parceria com a Fundação para a Ciência e Tecnologia, a Agência Espacial Europeia, a Unbabel Labs, a Agência Nacional de Inovação e a Web Summit. 

A competição tem por objetivo premiar iniciativas disruptivas com potencial para resolver problemas complexos no âmbito das alterações climáticas, usando dados recolhidos por satélites e inteligência artificial. A edição de 2020 focou-se em soluções para detetar, caracterizar, quantificar e monitorizar os detritos de plástico nos oceanos, considerando também rios, lagos ou outros potenciais locais de origem dos resíduos.

“O AI Moonshot Challenge e a resposta que este dará ao problema do plástico no oceano enquadra-se num dos grandes objectivos programáticos da Agência Espacial Portuguesa, neste caso de construção de um planeta digital, uma plataforma digital a jusante capaz de integrar múltiplas fontes de dados, incluindo o espaço.”

Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa.

O concurso recebeu um total de dez propostas, envolvendo 38 instituições de 13 países, entre universidades, institutos de investigação e empresas. Destes dez projetos, o júri, co-presidido por Carolina Sá, gestora de projetos na Agência Espacial Portuguesa, e por Paolo Corradi, engenheiro de sistemas na ESA, selecionou ainda para o pitch final, no decorrer da Web Summit, os projetos do consórcio Implast (Mare-FCUL, Lasige-FCUL, PML, Mare-UNova) e do Atlas (Universidade de Coimbra, Remote Sensing Solutions, Universidade de Aveiro, Maretec-IST, AEBAM, GFZ).


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