“O design biofílico faz com que as pessoas adotem comportamentos mais sustentáveis”
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A dessalinizadora vai permitir retirar o sal a 16 milhões de metros cúbicos de água do mar por ano, cobrindo “20% do consumo urbano do Algarve”
Vai arrancar no Algarve um projeto de dessalinização da água do mar para combater o problema de seca que, em 2024, já obrigou ao racionamento do consumo de água.
A reboque do Plano de Recuperação e Resiliência, o projeto está avaliado em quase 108 milhões de euros, para erguer uma estação que prevê retirar o sal a 16 milhões de metros cúbicos de água do mar por ano. “O que corresponde a 20% do consumo urbano do Algarve”, como sublinhou Luís Montenegro aquando da assinatura do contrato de adjudicação da empreitada. O objetivo é que o Algarve atinja a resiliência hídrica a partir de 2026, sendo que a dessalinizadora deve ficar concluída em dezembro desse ano.
A tecnologia utilizada em Espanha há décadas vai ser uma estreia em Portugal Continental, mas levanta preocupações sobretudo para os pescadores da região, que receiam que o peixe emigre e afete os ecossistemas, já que as infraestruturas para tratamento da água estão projetadas à porta dos portos de Quarteira e de Albufeira.
Cerca de 97% da água do planeta está nos oceanos, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA. Os restantes 3% estão distribuídos por diversos locais, incluindo glaciares e gelo, abaixo do solo, em rios e lagos e na atmosfera.
Em Portugal, o consumo diário de água chega aos 18 litros per capita.
Para o presidente da Associação Espanhola de Dessalinização e Reutilização de Água (AEDyR), o oceano é “uma fonte inesgotável de água que não depende das condições meteorológicas”. Essa é a maior vantagem para o método da dessalinização, como explica o responsável, alertando, no entanto, que além da dessalinização “é necessário ser eficiente no uso de água, reutilizando cada gota”.
Em todo o mundo, existem cerca de 20 000 estações de dessalinização, com as maiores construções em Israel, Algéria, Austrália e Arábia Saudita.
Segundo Zarzo, a água dessalinizada tem “uma qualidade e pureza excecionais”, porque o processo “impede a entrada de qualquer tipo de poluente”. Além disso, é também possível adicionar minerais, vitaminas, eletrólitos ou qualquer outro componente necessário para criar uma água adaptada a qualquer utilização. “Por outro lado, ao utilizar água dessalinizada nas cidades, os efluentes produzidos terão melhores características (incluindo menor salinidade) para reutilização”, afirma.
No sentido contrário, uma das desvantagens da água dessalinizada é que pode ser mais cara do que outras fontes de água convencionais. “Com a seca e as alterações climáticas, os recursos convencionais estão a ficar cada vez mais esgotados e poluídos, pelo que estes preços vão equilibrar-se”, diz Zarzo.
Com os avanços da tecnologia, cada vez mais métodos estão a ser testados para combater o problema das secas. No entanto, para não afetar os ecossistemas, há que cuidar de forma mais natural possível dos solos e da água. Estas são alguns métodos que podem ajudar a combater as secas:
Trazer a natureza para a configuração das nossas cidades através das cidades-esponjas. Este é um tipo de configuração das cidades que previne as cheias nos espaços urbanos e promove o armazenamento dessa mesma água, para ser utilizada em alturas e escassez. Este equilíbrio natural dos espaços está a fazer com que repensemos a forma como as nossas cidades estão construídas.
A hidroponia é a técnica de cultivar plantas sem solo. As raízes estão submersas em água e nutrientes essenciais, o que representa uma forma de cultivar que reduz o consumo de água em 80%, como explica o The Futurist. A água é reutilizada, pelo que não há desperdício, além de que este tipo de cultivo quase não requer o uso de químicos.
Trata-se de um sistema natural, que não requer uso de energia, apenas condições climatéricas ideais: humidade e vento. Este método é ideal para lugares altos, como está a ser feito na ilha Brava, em Cabo Verde, onde foram erguidos no alto de uma colina captadores de oito metros, feitos de rede de mosquiteiro, que retêm as gotículas dos nevoeiros e fazem escoar a água para reservatório. É um método natural que está a ter melhores resultados do que o esperado.
Já tínhamos o método tecnológico que força as nuvens a produzir chuva ou neve, através da indução nas mesmas de químicos, como o iodeto de prata. No entanto, mais recentemente, os Emirados Árabes Unidos desenvolveram um novo método em que drones conseguem dar uma descarga elétrica nas nuvens para que produzam chuva, sem necessidade de químicos. Desta forma, é possível aumentar as pequenas gotículas de água e causar grandes descargas de água.
Estes são alguns métodos que estão a ser utilizados ao longo do planeta para fazer face à seca, já classificada como “a silenciosa pandemia”, afetando um quarto da humanidade. Por isso, a água é cada vez mais um recurso valioso e cabe a todos nós utilizá-la da melhor forma.
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