A volta ao mundo do navio-escola Sagres

Por mares (de plástico) nunca dantes navegados?

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Por mares (de plástico) nunca dantes navegados?

Foi há 500 anos que Fernão de Magalhães partiu para a aventura que seria a primeira volta ao mundo. Para assinalar o V centenário da viagem de circum-navegação, o navio-escola Sagres – terceiro de seu nome – partiu, pela quarta vez na sua história, para cumprir um percurso semelhante ao de Magalhães. Durante mais de um ano, serão percorridas cerca de 41.258 milhas náuticas (mais de 76.400 quilómetros) com paragem em dezanove países. Pela primeira vez, o navio servirá também como laboratório de investigação: ao longo da viagem, serão desenvolvidos a bordo quatro projetos científicos, três dos quais relacionados com o lixo de plástico nos oceanos.  

Mapa da viagem da Sagres. DR Marinha Portuguesa

 “Contribuir para que o mar fique mais limpo”

Tivemos oportunidade de colocar algumas questões à tripulação do NRP Sagres sobre as experiências científicas que serão feitas durante a viagem de circum-navegação. “Decorrem a bordo quatro projetos. Em algumas tiradas, estarão embarcadas equipas técnicas de cada projeto para verificação das medições e manutenção dos equipamentos”, revela um porta-voz da Marinha Portuguesa. “No entanto, em grande parte do tempo, serão os elementos da guarnição do navio que farão o ‘trabalho de campo’.”

Navio-escola Sagres. DR Marinha Portuguesa
Projetos científicos a bordo do NRP Sagres

Projeto Microplásticos (responsável: Instituto Hidrográfico): recolha de água para medição de microplásticos e deteção de metais pesados

Projeto Global Drifter Program (responsável: NOAA/IH): lançamento de bóias derivantes para alimentação de base de dados mundial com correntes de superfície e outros dados meteorológicos e oceanográficos

Projeto SAIL (responsável: INESCTEC, CINAV e outras entidades): recolha de dados do campo electroestático terrestre para comparação com a curva utilizada atualmente (que leva já mais de 100 anos sem ser atualizada), recolha de informação diversa da atmosfera (partículas, iões, radiância, etc.); recolha de dados da camada superficial do oceano (temperatura, irradiação, salinidade, condutividade, clorofila, etc). “Este projeto tem ainda uma componente que visa a recolha de amostras de peixes, com o intuito de analisar o seu conteúdo estomacal, estado de desenvolvimento e distribuição.”

Projeto Ciência Cidadã (responsável: FCUL): recolha de imagens de aves e fauna marinha georreferenciadas, bem como registo de grandes zonas de lixo marinho (posição, tipo de detritos, extensão da área)

Fonte: Marinha Portuguesa

A Sagres zarpou de Lisboa a 3 de janeiro de 2020 e o regresso está previsto para 10 de janeiro de 2021. Além de uma tripulação fixa de 142 pessoas, durante os 371 dias de viagem haverá cadetes, investigadores e cientistas que vão embarcando para percursos mais curtos. Em julho, o navio irá atracar em Tóquio, durante os Jogos Olímpicos, para acolher a comitiva portuguesa. Segundo a Marinha, será a viagem mais longa deste navio construído em 1937. É possível acompanhar a expedição em tempo real, seguir um grupo no Facebook dedicado exclusivamente à viagem ou estar atento à cobertura de alguns dos jornalistas que estão a bordo, como é o caso da equipa da RTP. A seu tempo, os resultados dos projetos científicos serão revelados. 

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