Frostquakes: Um novo perigo natural provocado pelas alterações climáticas

Investigadores alertam para um novo fenómeno natural: os frostquakes colocam em risco infraestruturas urbanas em zonas húmidas e frias
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É um fenómeno que começa a ser estudado pelos cientistas: os frostquakes – terramotos de gelo – são novos eventos sísmicos associados a eventos climáticos extremos que têm vindo a intensificar-se nos último anos, nomeadamente:

  • chuvas intensas, que inundam e desgastam os solos; e 
  • rápidas descidas de temperatura, que levam ao congelamento dos solos. 

Assim, os frostquakes acontecem em áreas onde houve muita precipitação, durante um período relativamente curto, seguida por uma queda drástica da temperatura, dentro de aproximadamente 12 a 48 horas, fazendo com que a água acumulada abaixo da superfície do solo congele e se expanda rapidamente. 

Esta mudança de estado da água faz com que rache o solo e as rochas, em torno da formação de gelo sólido, e pode assim apresentar uma ameaça para as infraestruturas urbanas. 

Curiosidades sobre os terramotos de gelo:

  • a gravidade da fissuração do solo depende da quantidade de água presente;
  • as condições para um terramoto de gelo são favoráveis quando a temperatura cai para mais de -20°C a uma taxa de cerca de um grau por hora;
  • é virtualmente impossível prever quando e onde ocorrerão os terramotos de gelo. Até ao momento, nenhum meio confiável de previsão de terremotos foi desenvolvido;
  • as vibrações dos frostquakes não são sentidas acima do solo como as causadas por outros terremotos, mas produzem sons estrondosos, altos o suficiente para acordar pessoas de um sono profundo em casas próximas;
  • terremotos de gelo ocorrem mais comumente no Alasca, Canadá, nordeste dos Estados Unidos e Islândia.

Este novo fenómeno tem vindo a chamar a atenção de cientistas, como o caso de Kari Moisio, investigadora sénior da Universidade de Oulu, na Finlândia, que participou num primeiro estudo sobre atividades sísmicas associadas a áreas pantanosas e húmidas.

Com as alterações climáticas, as rápidas mudanças nos padrões chamaram a atenção do público para os terramotos, que podem tornar-se mais comuns. Embora a sua intensidade seja geralmente baixa, uma série de terramotos de gelo relativamente fortes em Oulu, em 2016, que racharam estradas, foi o ponto de partida para o nosso estudo. Os terramotos afetaram as regiões do norte internacionalmente, mas foram pouco estudados com instrumentação sísmica.

Kari Moisio, investigadora sénior da Universidade de Oulu

As estradas e outras áreas sem neve no inverno são particularmente vulneráveis a estes terramotos, já que a abundância de neve impede a ocorrência de terremotos. Isto porque a neve atua como uma espécie de isolador: apenas quinze centímetros de neve são ​​suficientes para evitar que o ar gelado afete o solo quando a temperatura cai rapidamente. 

No entanto, em condições de chuvas intensas e rápidas quedas de temperatura, a neve derrete ou nem chega a acumular-se, dando-se na sua vez a formação de gelo (ou geadas) que quebram o solo.

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