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João Gonçalo Soutinho
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Como tornar Portugal mais VERDE?

João Gonçalo Soutinho, fundador e coordenador da VERDE associação.

Por todo o mundo, temos assistido à negligência dos valores intangíveis que os espaços verdes providenciam à sociedade, como a biodiversidade, o sequestro e armazenamento de carbono, em detrimento da economia de alguns.

É para combater este contexto que surge em 2021 a VERDE, representando o culminar de vários anos de trabalho em prol da preservação da natureza, principalmente em relação à gestão sustentável das árvores de grande porte e da floresta nativa portuguesa.

A associação emerge também da necessidade de criação de um organismo independente que possa dar corpo e consolidar todo o trabalho desenvolvido no território. Nasceu em Lousada, onde o Município tem tido um papel preponderante nas ações ambientais locais, adotando uma estratégia que tem sido premiada nos últimos anos. Os membros fundadores da associação tiveram o privilégio de contribuir na implementação de algumas destas ações, através de uma visão holística das necessidades locais. Foi neste contexto que percebemos estar perante um momentum crescente de envolvimento da comunidade em prol da conservação da natureza e que seria o momento ideal para criar uma nova entidade capaz de trabalhar ao longo de vários anos com a intenção de implementar soluções com impacto ecológico, social e económico das comunidades locais de Portugal, começando por Lousada.

A VERDE nasce mais concretamente do Projeto Gigantes Verdes, que começou em 2018 através do Fundo Lousada Sustentável, promovido pelo Município de Lousada e ganho pelo presidente da VERDE, João Gonçalo Soutinho, na sua primeira edição com este mesmo projeto. Depois de 4 anos a mapear as Gigantes Verdes do concelho e conhecer as pressões que estas árvores enfrentam, surgiu a VERDE para ajudar a mudar o rumo das que ainda vivem. Este é assim o primeiro projeto da VERDE e ergue-se a partir dos três grandes pilares da organização: Conhecer, Envolver e Valorizar. 

Depois de mapeadas 7400 Gigantes Verdes em Lousada, começámos a medir e conhecer cada uma delas. As Gigantes Verdes são uma das tecnologias de base natural mais eficazes do mundo no sequestro de carbono. Sequestram 200 kg de CO2 da atmosfera por ano e têm em si cerca 6500 kg de CO2 armazenados, além de suportarem 8 vezes mais biodiversidade que uma árvore plantada com 15 anos de idade. Mas estão a desaparecer a uma taxa de 2% ao ano, principalmente devido às alterações do território, com a expansão urbana e agrícola, mas também pela venda das mesmas para retorno financeiro dos seus proprietários. Para reverter isso, criámos o Carbono Biodiverso, um mecanismo de compensação que conecta os Guardiões, ou seja, pessoas ou entidades coletivas privadas conscientes da sua pegada ecológica, que pretendem compensá-la, aos Cuidadores, ou seja, proprietários, gestores ou arrendatários de propriedades com árvores de grande porte. 

Assim o mecanismo financia a preservação das Gigantes Verdes e ainda o restauro ecológico das suas áreas adjacentes, através da plantação de árvores jovens nativas, gestão de riscos, controlo de espécies exóticas invasoras e construção de abrigos para biodiversidade. Incentivamos assim a preservação das Gigantes Verdes através de um apoio financeiro que ajuda a melhorar a gestão e acompanhamento periódico por forma a evitar riscos e cuidar destes exemplares já com muitos anos. O que diferencia o Carbono Biodiverso de outras plataformas de compensação de pegada de carbono é o foco na floresta já existente, onde o carbono é a plataforma para salvaguardar as árvores que são também ricas em biodiversidade e outros serviços de ecossistema essenciais à nossa sobrevivência e qualidade de vida. Qualquer cidadão pode compensar a sua pegada através de subscrições mensais que financiam as ações no terreno da VERDE, mas também qualquer organização pode-nos contactar por forma a encontrar a melhor solução para a sua missão climática que promove também a biodiversidade nacional.

Focado para já em Lousada, esperamos em 2024 dar um salto para novos territórios. Este projeto tem sido reconhecido e premiado à escala nacional, no entanto ainda não é 100% sustentável dado que em Portugal ainda não existe um mercado voluntário de carbono funcional (apesar de estar a ser regulamentado pelos organismos do Estado). Por esse motivo, a procura por parte das entidades e cidadãos que pretendem compensar a sua pegada ou efetuar contribuições, em prol da natureza, ainda não se encontra ao nível que desejamos. Por outro lado, estamos já a trabalhar com vários proprietários e a procura tem aumentado quase diariamente. O feedback que temos recebido é que a nossa solução vai ao encontro de várias preocupações que grande parte dos proprietários florestais partilham e enfrentam diariamente. Ao valorizar a floresta já existente, conseguimos reduzir riscos ao mesmo tempo que reconhecemos o esforço que muitas pessoas fazem diariamente em prol da floresta nativa. 

É daqui que também surge o Concurso Nacional de abraços a árvores

Sabemos que valorizar a natureza não pode ser só atribuir um valor monetário e esperar que os incentivos criados mudem o paradigma. Temos também de trabalhar com todos e incentivar mais conexão com a natureza. Esta competição, inspirada em iniciativas internacionais como o Campeonato Mundial de Abraços a Árvores, que ocorre na floresta Halipuu, na Finlândia, desafia os portugueses a envolverem-se numa atividade simples, mas significativa: abraçar uma árvore e partilhar esse momento nas redes sociais.

Ao longo do ano a VERDE dinamiza ainda um conjunto alargado de atividades para envolver jovens, adultos, idosos ou até empresas com a natureza, desde caminhadas a ações de voluntariado no terreno. O importante é compreender melhor a natureza, e assim ajudar a valorizá-la, preservando-a como consequência.

Lançamos o repto para nos conhecerem nas redes sociais e no nosso website, subscreverem a nossa newsletter e o Carbono Biodiverso. Estamos também 100% disponíveis para discutir oportunidades de sinergia com outras entidades com uma preocupação crescente nas questões de sustentabilidade.

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