Gigantes como a Adidas já têm coleções feitas a partir de plástico recolhido no oceano, mas também há startups nacionais a darem os primeiros passos na criação de modelos de calçado feitos a partir de materiais reciclados.
Desde 2015 que a Adidas, em colaboração com a Parley for the Oceans, desenvolvem roupa e calçado desportivo a partir de fibras de plástico reciclado, recolhido no oceano. O primeiro protótipo, lançado por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2015, serviu também como exemplo e até provocação para a indústria repensar de que forma o eco-design (um dos princípios da Economia Circular) pode ser um contributo para alertar o mundo para a necessidade de travar a proliferação do plástico na Natureza.
Ircycle. Mudar o mundo, passo a passo
Diretamente do oceano para os pés, também a Ircycle, agora como marca Skizo, propõe transformar plástico recolhido no oceano em sapatilhas. Apresentaram o protótipo na última WebSummit, em Lisboa, e o feedback de investidores, público e meios de comunicação foi muito positivo.
![Skyzo by Ircycle](https://plasticoresponsavel.continente.pt/wp-content/uploads/2022/05/FB-Ircycle-500x500.jpg)
A ideia surgiu a André Facote depois de ver um documentário sobre a dimensão do problema da acumulação de plástico nos oceanos. Juntamente com a mulher, Andreia Coutinho, começou a dar forma ao projeto. O plástico, recolhido na costa espanhola, vem para Guimarães pronto a ser transformado em matéria têxtil. Depois, é em São João da Madeira – conhecida pela tradição na indústria do calçado -, que as sapatilhas são feitas.
Uma das características que distinguem os modelos da marca é a personalização. Com materiais reciclados e orgânicos, como fibra natural das folhas do ananás, os clientes podem dar um toque pessoal às encomendas. Em breve, a marca espera desenvolver também vestuário – a partir da fibra têxtil conseguida com o plástico reciclado, é possível criar inúmeros produtos.
Zouri, as sandálias orgânicas do Minho
Na mesma lógica, a Zouri, marca de calçado “eco-vegan” nascida no Minho, começou por produzir artesanalmente sandálias a partir de materiais orgânicos e reciclados (como as rolhas de cortiça, para as solas), de fibra das folhas do ananás – Pinãtex – e de plástico recolhido nas praias de Esposende.
Adriana Mano e António Barros, amigos, ambos ligados ao design de calçado e igualmente apaixonados pelo mar, tiveram a ideia e puseram-na em prática. A ação inicial, teve o apoio do Município de Esposende, com uma limpeza voluntária da praia, que resultou em cerca de 1000 kg de plástico recolhido.
![Zouri](https://plasticoresponsavel.continente.pt/wp-content/uploads/2022/05/49056696_470981836764270_3657498603431133184_n-596x500.jpg)
DR, FB Zouri. Esquema ilustrativo dos materiais utilizados
Para cada par de sandálias, são necessários cerca de 100 gramas de plástico reciclado, o equivalente a umas 6 garrafas de plástico. Para encontrarem a fórmula ideal para combinação dos materiais, contaram com o apoio do Departamento de Engenharia de Polímeros da Universidade do Minho e de artesãos do concelho de Guimarães.
Com a colaboração de ONG’s e escolas, têm promovido mais ações de limpeza de praias e, em breve, além de Esposende, também o concelho de Viana do Castelo terá menos plástico nas suas praias. A Zouri tem crescido muito nos últimos meses, com novas coleções e com o apoio de figuras públicas.
0 Comments