Sobre o problema atual da acumulação de plástico na natureza e das consequências desse tipo de poluição, Maria Elvira Callapez, investigadora principal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa com um vasto trabalho sobre a história deste material, não hesita em questionar: “vamos proibir os plásticos? É impossível, ninguém vive sem plástico. Tente banir os plásticos de uma ala de hospital. Morre gente, porque quase tudo o que se utiliza é de plástico.”
Fala num certo alarmismo e, até, desinformação sobre o real
problema. “Eu acho que tem que se ter um
bocadinho de cuidado a passar a informação. Eu posso não gostar do material mas
tenho que admitir que há vantagens e não posso alarmar as pessoas, isso é
ignorância.”
Maria Elvira Callapez recebeu-nos no seu gabinete, na FCUL
Relembra também que o plástico deve imenso à investigação
científica e tecnológica: “Foi um
investimento muito grande que se fez, o plástico foi alvo de muito estudo
sistemático. Trouxe modernidade, melhor vida para as pessoas, veio facilitar
muitas coisas no dia-a-dia. Ninguém vai andar para trás.”
Não põe obviamente em causa o desaparecimento dos descartáveis desnecessários, como as palhinhas, mas fala numa questão de educação. E essa “re-educação” passa também por promover o diálogo com os próprios industriais do plástico, que, garante, “não querem ficar de parte, não querem virar as costas, querem trabalhar em conjunto.”
No entanto, sobre materiais alternativos ao plástico,
alerta: “Vamos fazer contas e perceber
quais são os custos energéticos de quando se usa a floresta e de quando se usam
outras matérias-primas, sem serem as naturais. Neste momento é muito cedo para
fazermos esse corte radical. Vamos tentar usar o plástico de forma responsável
e adequada.”
“Ninguém vai andar para trás”
Encontrar alternativas viáveis, como os plásticos biodegradáveis, é inevitável. “As fontes da petroquímica um dia destes acabam e tem que haver alternativas, obviamente. Os industriais estão preocupados com isto, e os químicos e os ambientalistas também. Agora, não é com estas campanhas radicais. Se vamos passar a utilizar o vidro, por exemplo, também traz muitos problemas, de energia, de lavagem, de contaminação dos alimentos.”
E Maria Elvira Callapez não tem qualquer problema em afirmar
que “essa onda [de campanhas
radicais] é emocional. É emocional por
causa do choque que as pessoas apanham quando vêem as baleias e as tartarugas
com o estômago cheio de plástico. Morrem porque têm fome, têm algo na barriga
que não é nutritivo… Agora, quem lhes deu essa ‘comida’ foram os homens. O
problema tem que ver com a emoção que provoca o sufoco dos animais, aquelas
imagens terríveis. O plástico não é para entrar na cadeia alimentar de
ninguém.”
“O homem está por detrás do plástico, o homem é que tem provocado este
tipo de problemas, porque se o homem pegasse no plástico, fizesse a sua
reciclagem, se as indústrias o fizessem, não tínhamos este problema.”
Maria Elvira Callapez, investigadora principal da FCUL
Maria Elvira Callapez, investigadora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), fala em “alarmismo e desinformação” sobre o plástico.
Sobre o problema atual da acumulação de plástico na natureza e das consequências desse tipo de poluição, Maria Elvira Callapez, investigadora principal da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa com um vasto trabalho sobre a história deste material, não hesita em questionar: “vamos proibir os plásticos? É impossível, ninguém vive sem plástico. Tente banir os plásticos de uma ala de hospital. Morre gente, porque quase tudo o que se utiliza é de plástico.”
Fala num certo alarmismo e, até, desinformação sobre o real problema. “Eu acho que tem que se ter um bocadinho de cuidado a passar a informação. Eu posso não gostar do material mas tenho que admitir que há vantagens e não posso alarmar as pessoas, isso é ignorância.”
Relembra também que o plástico deve imenso à investigação científica e tecnológica: “Foi um investimento muito grande que se fez, o plástico foi alvo de muito estudo sistemático. Trouxe modernidade, melhor vida para as pessoas, veio facilitar muitas coisas no dia-a-dia. Ninguém vai andar para trás.”
Não põe obviamente em causa o desaparecimento dos descartáveis desnecessários, como as palhinhas, mas fala numa questão de educação. E essa “re-educação” passa também por promover o diálogo com os próprios industriais do plástico, que, garante, “não querem ficar de parte, não querem virar as costas, querem trabalhar em conjunto.”
No entanto, sobre materiais alternativos ao plástico, alerta: “Vamos fazer contas e perceber quais são os custos energéticos de quando se usa a floresta e de quando se usam outras matérias-primas, sem serem as naturais. Neste momento é muito cedo para fazermos esse corte radical. Vamos tentar usar o plástico de forma responsável e adequada.”
“Ninguém vai andar para trás”
Encontrar alternativas viáveis, como os plásticos biodegradáveis, é inevitável. “As fontes da petroquímica um dia destes acabam e tem que haver alternativas, obviamente. Os industriais estão preocupados com isto, e os químicos e os ambientalistas também. Agora, não é com estas campanhas radicais. Se vamos passar a utilizar o vidro, por exemplo, também traz muitos problemas, de energia, de lavagem, de contaminação dos alimentos.”
E Maria Elvira Callapez não tem qualquer problema em afirmar que “essa onda [de campanhas radicais] é emocional. É emocional por causa do choque que as pessoas apanham quando vêem as baleias e as tartarugas com o estômago cheio de plástico. Morrem porque têm fome, têm algo na barriga que não é nutritivo… Agora, quem lhes deu essa ‘comida’ foram os homens. O problema tem que ver com a emoção que provoca o sufoco dos animais, aquelas imagens terríveis. O plástico não é para entrar na cadeia alimentar de ninguém.”
“O homem está por detrás do plástico, o homem é que tem provocado este tipo de problemas, porque se o homem pegasse no plástico, fizesse a sua reciclagem, se as indústrias o fizessem, não tínhamos este problema.”