Atualização: em 2021, com 20 anos, Fionn Ferreira é estudante de Química na Universidade de Groningen, na Holanda. Tem participado em eventos como o Fórum Económico Mundial no qual, em 2020, foi nomeado “campeão do combate ao plástico”. É frequentemente convidado para iniciativas que promovem a economia circular para os plásticos, como referido na sua página pessoal. Já foi destaque em publicações como a Forbes, a Time e a National Geographic. Falou recentemente com o website P3 e deu uma pequena entrevista em vídeo que servirá de mote à conversa agendada para 2 de junho sobre inovação e microplásticos.
Aos 18 anos, Fionn Ferreira, irlandês de ascendência portuguesa, ganhou o grande prémio da Google Science Fair com um projeto para remover os microplásticos dos oceanos. Tem um planeta com o seu nome ( “prémio” de um outro concurso, promovido pela Intel) e é apaixonado pelo nosso.
Remover os microplásticos dos
oceanos. Como?
Perguntamos a Fionn como surgiu a ideia
para o projeto que apresentou na Google Science Fair e que tem
sido notícia em todo o mundo: um sistema capaz de remover os microplásticos
dos oceanos. Sobre o momento “eureka”, o jovem conta que encontrou “uma pedra
na praia que tinha resíduos de óleo e pequenos plásticos presos a ela. Isso
fez-me pensar em coisas polares e não polares que se mantêm juntas. Plásticos e
ferrofluídos são ambos não polares, logo, atraem-se.”
Ferrofluído? Fionn explicou que “um
ferrofluido é um líquido magnético, um óleo (no meu caso, óleo vegetal) com
partículas de ferro suspensas nele”. “Este líquido magnético e atraído por
ímanes e também atrai plástico, como eu mostrei com a minha experiência”.
Basicamente, foi assim que Fionn percebeu que as micro partículas de plástico,
demasiado pequenas para serem filtradas, podiam ser “atraídas” por ímanes e
testou que conseguia reproduzir esse sistema em maior escala.
“Essencialmente adicionei fluídos de ferro
à água contaminada. O ferrofluído atraiu as partículas de plástico e, em
seguida, tanto o ferrofluido como os microplásticos puderam ser removidos
aproximando um íman”, explicou Fionn. Testou o sistema milhares de vezes nos 10
tipos de microplásticos mais comummente encontrados nos oceanos e, em média,
conseguiu remover 87% das partículas.
Quem é Fionn Ferreira?
Fionn vive na província de Cork, na
Irlanda, e tem hobbies como qualquer jovem da sua idade: gosta de andar de
caiaque, de nadar, de velejar e de tocar trompete. Mas, acima de tudo, é um
apaixonado pela natureza. Diz que “na Irlanda, a natureza está muito perto dos
nossos corações” e que “ficaria destroçado se isso desaparecesse” e as gerações
futuras não chegassem a conhecer a Irlanda tal como é. Verde.
Especialmente para quem, como Fionn, vive
imerso na natureza, as alterações climáticas e a poluição plástica são uma
ameaça cada vez mais presente. Ao acompanhar de forma tão próxima as
consequências da proliferação do lixo plástico, começou a pensar em soluções. “Precisamos
não só de ter paixão pelo nosso ambiente, mas também de nos envolvermos mais e
de acabar com maus hábitos”, a começar pelo uso excessivo do plástico.
Partindo da ação individual, Fionn apela: “Todos nós precisamos de agir
juntos. Deve ser uma ação comunitária em grande escala para termos um efeito.
Eu acho que um dos maiores desafios é o aumento da população. Todos os dias a
população global aumenta em 220.000 habitantes. Isso significa mais 220.000
carros, roupas, embalagens e muito mais a cada dia. Por muito que essas 220.000
pessoas sejam ecologicamente responsáveis, são mais 220.000 pessoas… por dia”
e o planeta está a esgotar todos os seus recursos.
Fionn continua: “eu acho que cada pessoa
deve olhar para a sua vida diária, olhar para o que pode melhorar facilmente e
como pode fazer uma pequena diferença. Se fizer isso todos os dias, encontra
sempre algo novo.”
E quanto ao futuro?
Sobre o futuro do projeto, depois da Google
Science Fair já houve algumas propostas mas Fionn não pode falar, “é
confidencial”. Quando concorreu, uma das motivações era partilhar a sua ideia e
conhecer outros jovens com as mesmas motivações. Além, claro, da possibilidade
de apresentar, aperfeiçoar e aplicar o seu projeto. Apesar de alguns problemas
iniciais na construção do equipamento de teste e na extração em si, depois de
ultrapassados e do reconhecido mérito da sua ideia, os obstáculos maiores, diz,
serão “escolher os investidores e as empresas certas. E eu preciso aprender
mais sobre Química. Acredito que o projeto está pronto para ser aplicado, vai
manter-se “open source” para todas as empresas que o queiram usar e esperamos
que seja posto em prática.”
No email que trocamos, Fionn Ferreira não esqueceu
a referência a Portugal e às suas origens: “Acho que este método também
funciona com águas residuais. Projetei um sistema de fluxo contínuo para o
tratamento de efluentes que é um excelente recurso para a limpeza de águas
residuais domésticas e industriais que entram em rios como o Tejo”.
Em setembro, vai para a Holanda estudar Química. A sua referência é o químico britânico Michael Faraday. Assim como Faraday, que é tido como “um dos cientistas mais influentes de todos os tempos”, esperamos ouvir falar muito de Fionn Ferreira.
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