Spoiler alert: Portugal é um dos destinos eleitos com base nos seus esforços para reduzir o impacto ambiental e proteger ecossistemas e as comunidades locais
O turismo internacional tem batido recordes todos os anos. Estimam-se em mais de mil milhões as chegadas de turistas, anualmente, por todo o planeta. E hoje, muitos países – sobretudo os mais pobres – têm a sua economia dependente destes viajantes.
No entanto, o “sucesso” a curto prazo do setor do turismo ocorre muitas das vezes com prejuízo para os recursos naturais e culturais das comunidades locais, ecossistemas e vida selvagem. O que pode fazer com que um destino perca o seu apelo. Afinal, praias sujas, comunidades hostilizadas, espécies extintas e lugares lotados não são fatores de atração turística.
É neste contexto que conceitos como “turismo sustentável”, “de natureza” ou “ecoturismo” se tornam cada vez mais importantes. Estes estão na base de acordos como o “Tourism declares climate emergency”, através dos quais governos e empresas estão a tomar medidas para proteger o ambiente e as populações.
Mas também os turistas podem fazer parte da mudança, com escolhas mais informadas, que reduzem a sua pegada e apoiam as comunidades locais.
Os destinos mais sustentáveis pelos quais pode optar em 2024, foram eleitos pela editora britânica Lonely Planet, com base nos seus esforços para reduzir o impacto ambiental e proteger ecossistemas e as comunidades locais. Fique a par.
Com extensas florestas tropicais, rios selvagens, 20 vulcões ativos e casa de cerca de 6% de todas as espécies da Terra, o Equador apresenta-se muito ativo nas medidas de turismo responsável. O país da América do Sul impõe limites de visitantes e oferece alojamentos ecológicos alimentados por energia solar. Recentemente, investiu numa nova reserva marinha e no primeiro aeroporto com energia renovável.
Recomendação: Napo Wildlife Center, nas profundezas da Amazónia equatoriana. Este complexo é administrado pela comunidade Añangu Kichwa, que descobriu no ecoturismo uma forma de se desenvolver. Compostagem e painéis solares são um dos pilares da sustentabilidade deste lugar.
Pois é. A nossa vizinha Espanha, que é já um dos destinos mais procurados do mundo, entrou para a lista dos mais sustentáveis. Isto deve-se aos esforços para distribuir os seus visitantes no tempo (fora da época “alta”) e espaço (para lugares menos conhecidos do país).
Além disso, nota-se uma aposta nos transportes, como autocarros elétricos e novas linhas ferroviárias, que permitem percorrer o o país sem recorrer ao avião. Florescem ainda os hotéis criativos, de pequena escala, e outras iniciativas que estão a revitalizar as zonas rurais do país.
Para os portugueses, o destino torna-se uma opção ainda mais sustentável, devido à proximidade.
Recomendação: Jardín del Turia, Valencia. Alugue uma bicicleta ou participe de um passeio de duas rodas pelo antigo leito do rio Turia, que foi engenhosamente transformado num parque sem estradas com 9 km de extensão.
Novas trilhas, parques em expansão e um ambicioso projeto de reflorestação estão a transformar esta região, dividida entre a Argentina e o Chile. Do lado argentino, foi recentemente inaugurado um Planetário e um centro de interpretação do Parque Nacional da Patagónia. Do lado chileno, estão a ser recuperadas com sucesso espécies de animais em vias de extinção. Este ano, o eclipse solar anual, em outubro, vai escurecer o céu de ambos os lados da Patagónia. Um fenómeno a não perder.
Recomendação: Visitar os glaciares que estão a desaparecer no Parque Nacional Los Glaciares, na Argentina. No Chile, experimente a caminhada mais ao sul da Terra – o Circuito Dientes, de cinco dias.
Os cenários épicos nos céus da Gronelândia são por si um convite a visitar este lugar, quase remoto. Para aumentar a atratividade, estima-se um aumento dos avistamentos de auroras à medida que o sol se aproxima cada vez mais da terra, nos próximos anos.
Recomendação: Uma aventura de baixo impacto ambiental, que começa em Kangerlussuaq, a uma curta distância do mar de gelo, até ao Camp Ice Cap, um acampamento de dois dias no segundo maior manto de gelo do mundo.
Este foi um dos primeiros países do mundo a introduzir leis que priviligiem a sustentabilidade. Agora, está prestes a expandir as possibilidades de explorar de forma “amiga do ambiente” o maravilhoso e selvagem oeste do país. É possível mover-se facilmente sem carro até ao Parque Nacional de Pembrokeshire. Além disso, estão a ser projetadas novas estações e o aumento de serviços para a principal linha ferroviária do Sul do país.
Recomendação: Aprenda sobre alimentos sustentáveis e desfrute de um snack feito de insetos na Dr Beynon’s Bug Farm. Perto de St Davids, esta antiga quinta foi transformada em um centro de pesquisa, uma reserva natural e acolhe também o Grub Kitchen, o primeiro café de insetos comestíveis do Reino Unido.
Sim, o nosso país está entre os destinos mais sustentáveis de 2024! Mais especificamente, o Caminho de Santiago, que oferece uma experiência com vista panorâmica, a pé ou de bicicleta. Pelos 620 km que ligam Lisboa a Santiago de Compostela, encontram-se igrejas românicas, rios e aldeias antigas que acolhem os que decidem embarcar nesta aventura. Este é um convite para conhecer as profundezas de Portugal e apoiar as pequenas comunidades que sofrem com a desertificação. O charme dos albergues locais e o aconchego dos restaurantes tradicionais compensam os esforços físicos. Além disso, o caminho promete a criação de amizades e muita partilha de experiências de vida com os que percorrem o mesmo caminho.
Recomendação: o Caminho de Torres, uma rota alternativa que liga Salamanca ao Norte de Portugal, com vinhas, cidades medievais e rios de montanha.
Este arquipélago com mais de 500 ilhas no Oceano Pacífico tem vindo a demonstrar como o turismo sustentável pode aliviar o impacto das alterações climáticas. Através de uma aplicação, a Ol’au Palau, esta pequena nação incentiva os turistas a fazerem escolhas que têm em conta a conservação dos ecossistema. Algumas das dicas dizem respeito a protetores solares seguros para os recifes ou restaurantes que servem ingredientes de origem sustentável. Além disso, a app permite compensar os que seguem as dicas com o acesso a experiências reservadas apenas às famílias locais.
Recomendação: As experiências sustentáveis da Sam’s Tours, uma operadora de turismo com o compromisso de não deixar qualquer pegada, oferecem mergulho, caiaque, caminhadas pelas ilhas e passeios turísticos, a Sam’s tem um compromisso estrito de ser uma operadora de turismo sem rastros.
É a segunda maior ilha do Japão e há muito que está no radar dos entusiastas de desportos de inverno. Nos últimos anos, Hokkaidō tem vindo a desenvolver atividades e acomodações ecológicas e a promover o renascimento cultural do povo indígena Ainu. Com 20% da área terrestre do Japão, mas apenas 5% da sua população, Hokkaidō apresenta extensões de montanhas e natureza selvagem, grande parte praticamente desconhecida.
Recomendação: Visite a vila Ainu kotan, em Akanko Onsen, e veja a tradicional dança Ainu e os espetáculos de marionetes no Ikor Theatre.
Os caminhos que cruzam a Estônia, a Lituânia e a Letónia convidam a passeios quase meditativos, por entre ricas paisagens nórdicas. Por lá, é possível passear por dunas de areia, rios e lagos, que o farão sentir que o mundo é apenas seu.
Recomendação: Revigore na sauna do pequeno resort de Ziedlejas, no Vale Gauja, e saboreie o chá de ervas e bolos de cebola na Samovar House, localizada numa vila no Lago Peipsi, na Estónia.
Uma série de novos alojamentos ecológicos estão empenhados em preservar a biodiversidade em estado precário na África do Sul. Há a oportunidade de caminhar com girafas e zebras, nos seus habitats naturais, ou apreciar os penguins que se reúnem em massa ao longo da costa.
Recomendação: O Lebombo Lodge, no Parque Nacional Kruger, oferece uma experiência responsável. Evite locais onde animais selvagens são mantidos em cativeiro ou obrigados a alterar o seu comportamento natural.