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Todos já ouvimos falar dela mas será que sabemos o que realmente é? Como se forma e como protege a vida no planeta? E como a atividade humana está a destruí-la?
Uma “recuperação notável”. É assim que o mais recente relatório das Nações Unidas para “Avaliação Científica da Destruição da Camada de Ozono” classifica os esforços feitos para fechar o buraco na camada de ozono provocado pela atividade humana.
Publicado a cada quatro anos, o estudo em questão tem por objetivo medir o impacto do inédito Protocolo de Montreal. Pode-se dizer que este é um dos mais importantes pactos universais com a finalidade de reduzir a emissão de gases com efeito de estufa e combater os efeitos das alterações climáticas. Está em vigor desde 1988, tendo sido ratificado por 197 Estados e pela União Europeia, cujos governantes se comprometeram a reduzir e proibir a libertação para a atmosfera de substâncias químicas nocivas.
Na análise mais recente, publicada em 2023, o relatório dá conta que, se se mantiver o ritmo de progresso, a camada de ozono pode recuperar para os níveis verificados em 1980 em cerca de década e meia (até 2040). Nas extremidades do planeta estima-se que demore um pouco mais: a camada de ozono que se sobrepõe à Antártida pode demorar até 2066 a recuperar os mesmos níveis de há 40 anos e a camada sobre o Ártico até 2045.
No entanto, segundo dados da Agência Europeia do Ambiente, sabemos que o buraco na camada de ozono em 2023 estava maior em comparação com 2022, último ano em que foram recolhidos dados para o estudo das Nações Unidas.
Para responder a esta pergunta, é preciso primeiro entender que a vida no planeta só existe devido a uma camada gasosa que o protege, designada atmosfera e que, por sua vez, está dividida em cinco camadas: troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e exosfera.
Juntas, estas camadas são responsáveis pela regulação térmica e climática do planeta e, ainda, fornecem gases importantes para a sobrevivência de todos os seres vivos e ecossistemas naturais, como o oxigénio, que representa cerca de 20% de toda a atmosfera, e o mais abundante – o azoto ou nitrogénio – que chega quase aos 80%.
Mais próxima da superfície terrestre está a troposfera, onde vivemos e que se estende por cerca de 10 quilómetros de altitude, a partir do solo que pisamos. É aqui que ocorre a maioria dos fenómenos meteorológicos que impactam a Terra, como as chuvas. À medida que se sobe em altitude, o ar que a troposfera nos fornece torna-se menos denso e a temperatura diminui. Até alcançar a estratosfera.
É na estratosfera, situada acima das nuvens, entre 10 a 50 km de altitude acima do solo da Terra, e por onde passam os aviões comerciais, que está a camada de ozono. Esta posiciona-se a cerca de 20 a 30 km acima da superfície do planeta e é responsável pela filtragem da radiação solar (raios ultravioleta) que chega até nós.
O ozono é um gás constituído por três átomos de oxigénio (O3) e que se forma naturalmente na estratosfera. Quando a luz solar chega a esta camada e entra em contacto com o oxigénio que respiramos (O2), divide-o em átomos individuais e assim nasce o ozono.
É na estratosfera que se concentra 90% do ozono presente na atmosfera. Aqui, este é responsável por absorver a maior parte da radiação ultravioleta do sol. Como explica a NASA, sem ozono, a intensa radiação UV do sol esterilizaria a superfície da Terra, causando queimaduras solares e provocando cancro de pele e lesões oculares.
Quando os cientistas falam do buraco na camada de ozono, estão a falar da destruição do ozono estratosférico, o ozono “bom”. Sim, porque há também ozono “mau”, que é produzido na camada onde vivemos, na troposfera.
Este ozono “mau” é tóxico para pessoas e plantas. A sua formação deve-se à atividade humana, sendo criado por reações químicas entre poluentes atmosféricos provenientes de veículos, vapores de gasolina, atividade industrial, uso de pesticidas, sistemas de refrigeração, ar condicionado, sprays e outras emissões.
É neste ozono produzido pela atividade humana que reside o problema que levou à formação de um buraco na camada de ozono na estratosfera.
Como explica a Agência Portuguesa do Ambiente, o aumento dos níveis de gases produzidos pelo Homem, como os CFC (clorofluorcarbonetos), “tem como característica, longos tempos de permanência na atmosfera e quando não são num curto espaço de tempo removidos da atmosfera pela precipitação de chuva ou neve podem ser transportadas por longas distâncias até à estratosfera onde se tornam mais reativos e promovem reações químicas de destruição das moléculas de ozono (O3)”.
Desta forma, é urgente que a humanidade reduza a emissão de gases poluentes para a atmosfera e contenha a radiação ultravioleta prejudicial que atinge a superfície da Terra.
Fontes: NASA, Agência Portuguesa do Ambiente, Agência Europeia do Ambiente
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